Falta de consenso paralisa processo de paz no leste da Ucrânia

Em Berlim, ministros fizeram nova tentativa diplomática pela Ucrânia

Em Berlim, ministros fizeram nova tentativa diplomática pela Ucrânia

Reuters
Kiev mostra resistência em organizar eleições na região do Donbass.

O conflito no leste da Ucrânia está longe de uma solução pacífica, como mostram as divergências do Quarteto da Normandia (grupo formado por Alemanha, França, Rússia e Ucrânia) sobre as eleições na autoproclamada república do Donbass.

Os quatro países se reuniram na última quarta-feira (11) em Berlim para discutir as eleições, que fazem parte de um pacote de medidas para a solução pacífica do conflito aprovado pelos líderes do quarteto em Minsk, em fevereiro do ano passado.

Moscou, Berlim e Paris  acreditam que a organização de eleições reconhecidas por Kiev permitirá desenvolver um mecanismo de coexistência pacífica do Donbass com o resto da Ucrânia. Mas, segundo o ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguêi Lavrov, a Ucrânia não tem se mostrado aberta à realização de eleições na região.

De acordo com ele, Kiev e Donbass devem negociar diretamente sobre o processo eleitoral, “no entanto, não vemos desejo de Kiev de participar do diálogo".

O chanceler alemão, Frank-Walter Steinmeier, também vê um impasse no processo e declarou que “as posições das partes continuam muito distantes”.

Segundo Lavrov, durante a reunião em Berlim, as partes sublinharam a importância da implementação de todos os pontos do acordo de Minsk. Além da organização das eleições no Donbass, o acordo prevê a adoção da lei sobre o estatuto especial da região do Donbass, a aprovação das alterações à Constituição da Ucrânia e a anistia de rebeldes.

Moscou acredita que a implementação desses acordos está sendo travada por Kiev, que aprovou as emendas à Constituição em primeira leitura no ano passado, mas interrompeu o processo devido à posição de radicais ucranianos.

O chanceler ucraniano, Pavlo Klímkin, declarou também que, devido à falta de consenso entre os membros do Quarteto da Normandia, o processo de paz pode ser congelado.

Para o diretor do Instituto Internacional de Análise Política da Rússia, Evguêni Míntchenko, o congelamento do processo de paz pode levar Kiev a perder completamente a capacidade de retomar o controle das autoproclamadas repúblicas do Donbass.

Posição da Ucrânia

Kiev, por sua vez, culpa a Rússia pela demora na resolução do conflito. As autoridades ucranianas acreditam que, antes da realização de eleições, é preciso resolver os problemas de segurança no Donbass. "Não podemos falar sobre as eleições sem garantias de segurança na região”, disse o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Pavlo Klímkin.

De acordo com o governo ucraniano, as garantias de segurança implicam a retirada das tropas russas do leste da Ucrânia. O governo insiste que milhares de soldados russos continuam a servir no território da autoproclamada república do Donbass. Moscou nega categoricamente a presença das tropas russas na região e pede que Kiev forneça provas dessas afirmações.

Além da retirada das tropas, a Ucrânia exige o fechamento da fronteira entre a Rússia e o território do Donbass. Segundo Kiev, essas medidas devem ser tomadas antes das eleições, que devem ser realizadas em conformidade com a legislação ucraniana para evitar a anistia de rebeldes.

Para Moscou, essas imposições e a falta de vontade de anistiar os rebeldes contradizem os acordos de Minsk, que preveem a realização de eleições antes da transferência do controle das fronteiras a Kiev. Além disso, de acordo com Serguêi Lavrov, as pretensões de Kiev são um problema artificial.

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