Kiev condena supostos soldados russos a 14 anos de prisão por ‘terrorismo’

Após anúncio, Porochenko e Pútin discutiram crise na Ucrâna e relações bilaterais

Após anúncio, Porochenko e Pútin discutiram crise na Ucrâna e relações bilaterais

Tass
Capturados em Lugansk no ano passado, Ievguêni Ieroféiev e Aleksandr Aleksandrov não atuavam sob ordens do Exército russo, alega pasta da Defesa. Presidente ucraniano sugeriu troca de ambos por Nadejda Sávtchenko, piloto ucraniana presa na Rússia.

Em sentença pronunciada por um tribunal na Ucrânia, na segunda-feira (18), os cidadãos russos Ievguêni Ieroféiev e Aleksandr Aleksandrov foram considerados culpados por “cometer atos destinados a conduzir uma guerra agressiva no território da Ucrânia” e “dar suporte a uma organização terrorista”.

De acordo com o veredito, que estipula 14 anos de prisão para cada, ambos também seriam responsáveis por contrabando e cruzar ilegalmente a fronteira entre os países, além de porte ilegal de armas. A sentença exige ainda o pagamento de 12.000 hryvnias (pouco mais de US$ 470) gastos na realização de exames de balística.

Apesar dos recursos apresentados pela defesa, o tribunal justificou que não haveria qualquer circunstância para o aliviamento das penas, levando em conta “o perigo público que representam e a gravidade de seus atos”. 

O veredito entrará em vigor dentro de 10 dias do anúncio, a menos que seja objeto de um novo apelo em 30 dias, período em que os cidadãos russos permanecerão sob custódia. Os advogados de defesa declararam a intenção de recorrer da decisão proferida na segunda-feira.

Ieroféiev e Aleksandrov foram capturados pelo Exército ucraniano perto do vilarejo de Schastie (Felicidade, em tradução livre), na região de Lugansk, em 16 de maio de 2015, quando supostamente tentavam derrubar uma ponte de importância estratégica.

Três dias depois, os investigadores acusaram ambos os homens de terrorismo e de pertencer ao Exército russo. O Ministério da Defesa russo confirmou se tratarem de cidadãos nacionais, mas negou que, no momento da detenção, estivessem atuando como oficiais.

Os militares, que defendem sua inocência e descrevem a decisão como “política”, admitiram lutar voluntariamente nas fileiras separatistas e não demonstraram remorso por seus atos.

Troca de prisioneiros

O julgamento de Aleksandrov e Ieroféiev é cercado de polêmica porque, entre outros incidentes, um dos advogados de defesa, Iúri Grabovski, foi assassinado no início de março.

“As autoridades ucranianas acusam os nossos cidadãos de criar uma ameaça à integridade territorial da Ucrânia”, disse à Gazeta Russa Konstantin Dolgov, comissário de direitos humanos do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo.

Dolgov acusou as autoridades de Kiev de ignorar as convenções internacionais e reiterou que o país não respeita “praticamente nenhuma regra de direito internacional em matéria de direitos humanos”. 

Também na segunda, o presidente ucraniano Petrô Porochenko discutiu com seu homólogo russo Vladímir Pútin a possibilidade de negociar a troca dos dois soldados russos por Nadejda Sávtchenko, piloto ucraniana condenada a 22 anos de prisão na Rússia.

Os chefes de Estado “discutiram a solução para o conflito no sudeste da Ucrânia e questões atuais das relações bilaterais. Eles também abordaram a questão de Nadejda Sávtchenko, bem como o destino dos cidadãos russos Aleksandrov e Ieroféiev”, declarou o porta-voz do presidente, Dmítri Peskov, após a conversa.

Sávtchenko, que fazia greve de fome desde que recebeu a sentença, foi contactada na terça-feira (19) por Porochenko, que convenceu a ex-piloto a abandonar seu protesto.

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