A simbologia dos cartões de Ano Novo soviéticos

Uma das tradições herdadas da URSS e que aos poucos vai se perdendo na Rússia é a de enviar postais comemorativos a amigos e parentes de outras cidades. Veja alguns dos mais trabalhados.

A União Soviética e a Rússia são conhecidas pelas diversas tradições de Ano Novo: saladas e o filme “Ironia do Destino” ou “De Moscou a Leningrado” são, talvez, as mais famosas. Mas há outra que vem perdendo com o tempo: enviar cartões a amigos e parentes distantes.

Em um mundo de mensagens instantâneas, as cartas e postais estão se tornando coisa do passado.

É por isso também que observar cartões antigos nos faz querer preservá-los para posteridade – ninguém mais os faz mais da mesma maneira.

É difícil imaginar, mas houve um tempo na URSS em que o Ano Novo e as coisas associadas a ele – árvores, cartões e comemorações – foram banidos. Em 1929, o Ano Novo e o Natal foram até considerados dias normais de trabalho, e as festas eram rotuladas como um “capricho burguês”.

Em dezembro e janeiro, grupos especiais de voluntários patrulhavam as ruas, observando pelas janelas para checar se o decreto do governo era cumprido. Aqueles que relutavam em privar seus filhos das festas tinham que comemorar em segredo.

A situação mudou em 1935. O então secretário do Comitê Central do Partido Comunista da Ucrânia, Pável Postichev, conseguiu convencer Stálin de que um pinheiro decorado poderia ser convertido de símbolo religioso ao símbolo da infância soviética.

A virada de 1935 para 36 foi então celebrada por todo o país na companhia de árvores decoradas e cartões feitos à mão. A comemoração do Ano Novo tornou-se parte integrante da vida soviética.

Enquanto hoje escreve-se “Feliz Ano Novo e Feliz Natal” (nessa ordem, já que o Natal é celebrado no dia 7 na Rússia), os cartões soviéticos tinham apenas felicitações para o próximo ano.

Os cartões de Ano Novo soviéticos não variavam muito e geralmente traziam Ded Moróz (versão russa do Papai Noel) carregando presentes ou crianças dançando em círculo em volta da árvore.

Muitas vezes também retratavam animais: esquilos, filhotes de urso, ouriços e, o mais comum de todos, lebres. Com o tempo, a lebre se tornou um símbolo não oficial do Ano Novo russo.

Muitas canções sobre o inverno mencionam esse animal, e os meninos se vestem como lebres nas apresentações escolares de Ano Novo.

Hoje, os cartões de Ano Novo soviéticos são valorizados não apenas por colecionadores, mas também por pessoas comuns – afinal, não deixam de ser uma boa lembrança da história russa.

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