Plano anticrise é ‘tático’, mas gera receio entre economistas

Intermédio de bancos é descartado pelo governo em novo plano

Intermédio de bancos é descartado pelo governo em novo plano

Serguêi Fadeitchev/TASS
Injeção de US$ 9 bi na indústria interna não seria capaz de alterar estrutura econômica do país, afirmam economistas. Confira a análise de outras alternativas propostas.

Após as novas quedas dos preços do petróleo tipo Brent abaixo de US$ 30 por barril, o governo russo decidiu implantar um novo plano anticrise que prevê a injeção de US$ 9,3 bilhões na indústria nacional. A ideia tem sido, porém, criticada por economistas.

Segundo o plano federal, será priorizada a ajuda ao setor real da economia – automotivo, engenharia mecânica, construção de casas e indústria leve – sem apelo a instituições bancárias.

Ao contrário das medidas emergenciais estabelecidas em 2009 e 2014, quando investiu-se em fundos anticrise por meio da capitalização dos bancos e aumento dos empréstimos, agora as empresas receberão o capital diretamente do governo, ignorando as instituições de crédito.

A falta das decisões estratégicas do novo plano anticrise foi, no entanto, apontada por alguns economistas russos.

“O novo plano é totalmente tático. O desejo de resolver os problemas atuais prevalece sobre as consequências estratégicas das ações financeiras”, diz Serguêi Khestanov, que leciona na Academia Presidencial da Economia Nacional e Administração Pública. 

“Devido ao grande volume de reservas financeiras, o governo conseguirá alcançar os objetivos táticos em um ou dois anos. No entanto, o apoio à indústria não ajudará a resolver os problemas de longo prazo”, acrescenta Khestanov.

O analista da empresa de investimentos UFS IC, Piotr Dachkevitch, também não acredita que o plano inclua reformas significativas capazes de alterar a estrutura econômica do país. “É mais um plano de ‘como viver até se sentir melhor’”, define.

No início do ano, o governo russo também ordenou que os ministérios reduzissem suas despesas. Os cortes somam cerca de 0,9% do PIB, o mantém o deficit orçamental abaixo dos 3%. 

A decisão foi tomada em virtude da queda registrada de 3,7% no PIB, 8,4% nos investimentos e 10% no varejo.

Três alternativas

1. Aumentar os impostos

Hoje, o imposto sobre valor acrescentado na Rússia é de 18%. Em 2014, para aumentar a arrecadação, o governo tentou subir esse imposto até 20% e introduzir uma tarifa de 3% sobre as vendas. Economistas independentes se opuseram à medida, e o presidente russo Vladímir Pútin chegou a prometer que o governo não aumentaria os impostos nos próximos quatro anos.

2. Empréstimo

A Rússia tem um nível de dívida pública baixo – 12% do PIB. Pelas estimativas do ex-ministro das Finanças, Aleksêi Kúdrin, o país poderia aumentar a dívida até 30% sem prejuízo para a economia interna. Em 2015, o orçamento russo somou quase US$ 945 bilhões. Pela lógica de Kúdrin, o governo poderia, então, receber US$ 283 bilhões em empréstimos internacionais.

Mas, devido às sanções e à baixa nota da dívida soberana do país, essa alternativa não compensa. Desde fevereiro de 2015 que a agência internacional de rating Fitch mantém a nota da Rússia rebaixada e prevê um declínio de 1% economia, encarecendo os investimentos estrangeiros.

3. Mudança estrutural do orçamento

Em termos percentuais, a Rússia gasta em defesa mais do que qualquer outro país do mundo. Apesar da queda do PIB, as despesas com o setor continuam crescendo. Se em 2011 os gastos com defesa correspondiam a 2,8% do PIB, em 2016 aumentarão para 4,5%, o que, em termos percentuais, é mais do que nos Estados Unidos e na China. 

 

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