Moscou poderá exportar helicópteros Mi-17 e fuzis de assalto para Filipinas

Duterte durante visita ao navio de guerra antissubmarino russo Almirante Tributs, ancorado na baía de Manila

Duterte durante visita ao navio de guerra antissubmarino russo Almirante Tributs, ancorado na baía de Manila

Reuters
Embora o Kremlin não tenha interesse estratégico nas Filipinas, a Rússia poderá vender uma série de armas úteis no combate a terroristas e insurgentes. Negociações são esperadas durante visita de Rodrigo Duterte a Moscou.

A visita do presidente filipino Rodrigo Duterte à Rússia, prevista para o segundo trimestre deste ano, podem abrir caminhos para novas relações entre os países que, de um modo geral, costumavam se esquivar mutuamente no passado.

No entanto, apesar das perspectivas de cooperação de defesa entre Moscou e Manila, iniciada ainda em 2016, os especialistas russos acreditam que a parceria nessa área irá provavelmente permanecer limitada à venda de equipamentos e ações menores.

Sem aliança militar

Apesar da retórica favorável de Duterte em relação a Moscou, o embaixador das Filipinas na Rússia, Carlos Sorreta, acredita que o Acordo de Cooperação de Defesa (ACD), em fase de preparação, “não resultará na criação de uma aliança militar”.

“O acordo se concentra em atividades que visam a construir um entendimento mútuo entre nossas forças de defesa por meio de visitas, intercâmbio de informações e treinamento”, disse Sorreta à Gazeta Russa. “Além do ACD, vários outros acordos relacionados a defesa estão em avaliação”, acrescentou o embaixador.

Segundo Anton Tsvetov, do Centro de Pesquisa Estratégica, em Moscou, é pouco provável que o acordo de defesa se aprofunde em muitas questões. “Esse aspecto das relações bilaterais nunca foi uma prioridade para Moscou ou Manila, devido à proximidade das Filipinas com os EUA”, disse Tsvetov à Gazeta Russa.

O novo documento poderá ser apresentado na forma de um memorando, “apenas estabelecendo a base para essa nova área de cooperação”, acrescentou Tsvetov. “O acordo pode prever acompanhamento mútuo de exercícios, talvez até simulações de incêndio. Também pode ser base para cooperação técnica e negociação de armas.”

Otan não é obstáculo

Quando questionado sobre as possibilidade de o país comprar armas russas, o embaixador disse que “as Filipinas estão atualmente buscando equipamento militar disponíveis em uma série de países, incluindo a Rússia”.

Segundo Sorreta, o governo de Manila demonstra especial interesse por “armas pequenas, drones de vigilância, aviões de asa rotativa e certas embarcações navais”.

Embora o diplomata não tenha concedido mais detalhes, a lista anterior é suficiente para especular sobre quais armas Moscou poderia oferecer, acreditam os especialistas.

“O fato de a maior parte do equipamento militar filipino ter sido doado pelos EUA não deve ser visto como um obstáculo”, disse Vassíli Kachin, do Instituto de Estudos do Extremo Oriente, à Gazeta Russa.

“Por um lado, há muitos exemplos de sistemas de armas soviéticos e russos sendo usados por países da Otan; por outro, uma parte considerável do arsenal filipino é antigo e, de todo modo, não segue os padrões modernos”, continuou Kachin.

Rifles e helicópteros

Segundo Kachin, as “armas pequenas” citadas por Sorreta poderiam ser fuzis de assalto e metralhadoras de vários tipos.

“Talvez, eles adquiram uma pequena quantidade de armas para as forças especiais. Por exemplo, o novo fuzil pesado de calibre 12,7 mm Vzlomchik ou Vikhlop. Ou até as máquinas silenciosas do tipo Vintorez para as unidades antiterroristas”, sugeriu.

Em relação às aeronaves de asa rotativa, Kachin acredita que poderiam ser “helicópteros multifuncionais Mi-17 e helicópteros de ataque Mi-35” para ajudar o governo de Manila a combater terroristas e insurgentes.

Os carros blindados Tiger e os caças Su-25, da Sukhôi, também poderiam ser úteis para as Filipinas, avalia Kachin. “Em alguns casos, as Filipinas não precisam de armas supermodernas; assim, a Rússia poderia vender equipamentos militares do período soviético, que só precisam ser ligeiramente modernizados.”

Quer receber as principais notícias sobre a Rússia em seu e-mail?
Clique aqui
 para assinar nossa newsletter.

Autorizamos a reprodução de todos os nossos textos sob a condição de que se publique juntamente o link ativo para o original do Russia Beyond.

Este site utiliza cookies. Clique aqui para saber mais.

Aceitar cookies