Rússia assina acordo para modernizar base naval na Síria

Navios de guerra russos nos arredores de costa síria

Navios de guerra russos nos arredores de costa síria

AP
Rússia e Síria assinaram um acordo para transformar a atual estrutura militar de reparo naval em Tartus em uma base naval de pleno direito. Com isso, país terá permissão para implantar até 11 navios com acesso direto ao mar Mediterrâneo.

Moscou e Damasco assinaram na última sexta-feira (20) um acordo de 49 anos para modernizar as instalações de reparo e ancoragem no porto sírio de Tartus (a 220 km a noroeste de Damasco).

Após o fim do contrato, haverá uma extensão automática de 25 anos, a menos que um dos lado anuncie ao outro, com um ano de antecedência, alterações ao documento.

A base naval de Tartus foi construída pelo governo soviético em 1977, e é hoje o único ponto com presença russa no mar Mediterrâneo.

Segundo especialistas, Moscou obteve o direito a usá-la como retribuição de Damasco pela ajuda russa na guerra contra o Estado Islâmico e outros grupos terroristas.

Construção vantajosa

Até recentemente, as instalações de Tartus eram simplesmente um pontão flutuante para manutenção básica de navios. Segundo o novo acordo, a Rússia construirá uma base completa em Tartus e, assim, terá direito a implantar até 11 navios na área.

“Estamos começando uma grande construção de infraestrutura militar – com cais, quartéis, armazenamento de munições e etc”, disse o coronel aposentado e observador militar Mikhail Khodorenok ao site de notícias Gazeta.ru. “Tartus se transformará numa base naval liderada por um vice-almirante da frota”, acrescentou.

Khodorenok prevê que serão necessários de dois a três anos para a construção da base. O número de militares posicionados na base dependerá do número de navios estacionados, mas, segundo o especialista, “é altamente improvável que 11 navios sejam posicionados na região ao mesmo tempo, é mais provável cerca de cinco”.

Apesar da proporção do projeto, atualmente não há nenhuma ameaça à Rússia que exija a implantação de grande grupo naval no mar Mediterrâneo, concorda Vadim Koziulin, professor da Academia de Ciências Militares. “De qualquer modo, o país nem tem uma quantidade tão grande de armamento naval assim disponível”, diz.

“Navios que fazem parte do grupo do porta-aviões Almirante Kuznetsov ficarão estacionados na base, e estes provavelmente serão navios do Mar Negro e do Norte – grandes navios de desembarque, patrulha e antissubmarinos”, diz Koziulin, acrescentando que o cruzador nuclear Pedro, o Grande e o porta-aviões Almirante Kuznetsov exigirão infraestrutura adicional.

“Tartus é um dos pilares da influência russa no Oriente Médio, e ninguém sabe como os eventos se desenvolverão na região, no mundo e na Rússia no futuro”, destaca Gevorg Mirzaian, professor associado do departamento de ciências políticas na Universidade Financeira Internacional sob o Governo da Federação Russa.

“A Rússia precisa estar presente não só no mar Negro, cujo acesso a Otan pode fechar a qualquer momento, mas também no mar Mediterrâneo”, conclui o professor.

Rússia entre Irã e Síria

Para Mirzaian, a Rússia é um alicerce da segurança na Síria, porque os vizinhos do país ainda pretendem minar o governo de Damasco.

“A Síria precisa da Rússia para contrapor o Irã, porque Teerã vai querer ter influência e exercer pressão sobre Damasco”, sugere Mirzaian. “É por isso que o governo sírio tem interesse em nossa forte presença na região; para Assad isso significa investimento no futuro e a possibilidade de manter um forte aliado por muitos anos.”

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