Netflix compra série russa ‘Silver Spoon’ para mercado global

Netflix teria interesse em outros projetos de produtora russa

Netflix teria interesse em outros projetos de produtora russa

Reuters
Drama policial conta a história de um jovem ricaço que se junta à unidade de homicídio de Moscou. Série tenta recriar a vida da juventude abastada da Rússia através de um filtro arenoso, embora nem sempre realista.

A Netflix está planejando a exibição internacional da série de TV russa “Major”, que retrata o estilo de vida opulento de um jovem endinheirado de Moscou que se junta à polícia russa. A série, cujo nome foi alterado para “Silver Spoon” no mercado global, ainda não tem nada de lançamento na programação do Brasil.

O enredo, um drama judicial nos moldes de “The Good Wife”, apresenta a rotina na unidade de homicídios da polícia moscovita e gira em torno da fortuna de Ígor, filho de um oligarca russo que o manda na unidade para que ganhe responsabilidade após ser quase preso em uma briga com policiais.

A venda de “Silver Spoon” é o primeiro negócio do tipo no mercado de televisão russo. No início deste ano, a Netflix comprou outro produto da TV russa, o desenho “Masha e o Urso”, já bastante conhecido do público, inclusive brasileiro. No entanto, segundo os negociadores, a compra de “Silver Spoon” é diferente pois é a “primeira vez que a NetFlix irá promover uma marca russa para além das fronteiras do país”.

Segundo a Sreda, empresa responsável pela realização da série russa, a Netflix teria demonstrado interesse em outros projetos da produtora.

Estereótipos russos

Aventurando-se nos cânones da dramaturgia ocidental, “Silver Spoon” se encaixa perfeitamente no gênero processual – uma série sobre as rotinas diárias de pessoas que trabalham em campos específicos, como médicos, policiais, advogados e etc.

Em termos de estrutura, a produção russa também não difere dos modelos ocidentais: cada episódio traz uma investigação completa que pode ser vista separadamente.

Paralelamente, o desenvolvimento dos personagens avança a cada episódio, de modo que o espectador foque não só nas intrigas das investigações, mas também na vida pessoal de seus protagonistas. Os finais impactantes também contribuem para que o espectador continue ligado no que está rolando na série.

Apesar da aparente ironia, o toque russo de “Silver Spoon” atende aos estereótipos da vida russa que ocasionalmente aparecem nos tabloides estrangeiros: festas em clubes para ricaços, corridas de Lamborghini no centro de Moscou, muita cocaína e mulheres suntuosas que servem de troféus para os ricos e famosos.

De olho no Ocidente

Embora a descrição da dolce vita da juventude abastada russa em “Silver Spoon” siga os estereótipos russos, todo o resto – da estética às tramas – é tipicamente ocidental, motivo pelo qual muitos críticos do país resistem em qualificar a série como sucesso.

Esta deficiência, entretanto, poderá ajudar “Silver Spoon” a conquistar seguidores estrangeiros, já que a maioria não conseguirá identificar as inconsistências em seu retrato da Rússia moderna.

Além disso, os estrangeiros não terão problemas em sacar as duas linhas narrativas: a transformação de um esnobe em um ser humano inteligente e responsável, e a busca incessante do protagonista para resolver o mistério por trás da morte de sua mãe.

O aspecto visual de “Silver Spoon” também é substancialmente diferente do da maioria das séries russas, graças ao diretor de fotografia Ulugbek Khamraiev.

Como resultado, as cenas parecem ter sido finalizados com os filtros Instagram mais populares, criando um visual vívido e atraente, embora nem sempre realista.

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