Acordos entre Ucrânia e UE estimulam sanções contra Kiev

Embargo deve levar a ligeira aceleração da inflação ao consumidor russo.

Embargo deve levar a ligeira aceleração da inflação ao consumidor russo.

Ria Nôvosti/Kirill Kallinikov
Moscou decide proibir importação de alimentos ucranianos a partir de 2016, por receio de fornecimento de produtos europeus através do território da Ucrânia. Em longo prazo, medida pode ter efeito reverso para ambos os países.

Todas as importações de alimentos da Ucrânia estarão suspensas a partir de 1 de janeiro de 2016, anunciou o ministro do Desenvolvimento Econômico russo, Aleksêi Uliukaiev. A medida foi tomada como reação ao acordo de integração econômica entre a Ucrânia e a União Europeia.

Pelo acordo definido com o bloco europeu, Kiev terá isenção de impostos na importação de produtos europeus. Moscou, porém, nunca recebeu garantias sobre a ausência da possibilidade de reexportação dos produtos da UE, segundo o ministro russo.

“Temos que proteger o mercado russo do acesso não controlado de mercadorias através do território ucraniano”, declarou Uliukaiev. As importações de alimentos provenientes da União Europeia estão proibidas desde agosto 2014, em resposta às sanções financeiras contra a Rússia.

“Seria estranho manter o livre comércio com um Estado que faz fronteira com os países incluídos no embargo russo”, diz o analista da empresa de investimentos Premier, Serguêi Ilin.

Segundo os dados do Serviço Federal Aduaneiro russo, as importações de produtos ucranianos diminuíram 2,1 vezes nos primeiros nove meses de 2015, até US$ 4,2 bilhões, e representam 3,2% do total das importações russas. No mesmo período, as exportações russas para Ucrânia ultrapassaram US$ 6,6 bilhões.

“A balança comercial entre a Rússia e a Ucrânia é positiva para Moscou, que exportou mais do que recebeu”, diz o analista financeiro da holding financeiro Finam, Timur Nigmatúllin.

O embargo à importação de produtos ucranianos deve, assim, levar a um aumento substancial do superávit comercial da Rússia e terá um impacto positivo sobre a dinâmica do PIB russo. Mas a medida afetará sobretudo grandes fabricantes do nordeste da Ucrânia, segundo o analista.

“Eles terão que vender os produtos no mercado local a um preço menor. No entanto, isso terá um efeito macroeconômico positivo sobre a economia da Ucrânia devido a uma desaceleração da inflação de preços ao consumidor”, explica Nigmatúllin.

Acredita-se que várias empresas ucranianas não serão capazes de se reorientar para outros mercados. Mais cedo, o premiê ucraniano Arsêni Iatseniuk declarou que os fornecedores ucranianos poderiam perder até US$ 600 milhões em 2016 devido às restrições russas.

“No entanto, em longo prazo, ambas as economias vão sofrer devido à deterioração gradual da atividade de negócios nos setores que dependem do comércio exterior”, alerta Nigmatúllin. Além disso, “o embargo levará a uma ligeira aceleração da inflação ao consumidor russo”, conclui o analista.

 

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