Grupo desconhecido reivindica autoria de ataque em São Petersburgo

Segurança foi reforçada nas estações de São Petersburgo após ataque terrorista

Segurança foi reforçada nas estações de São Petersburgo após ataque terrorista

AP
Por meio de site, extremistas russos que teriam ligação com Al Qaeda assumiram envolvimento no atentado e alertaram para novos atos. Explosão no metrô de São Petersburgo, em 3 de abril, deixou 16 mortos.

Uma mensagem do grupo extremista Katibat al-Imam Shamil (Batalhão Imam Shamil) em que a organização assume a responsabilidade pelo ataque terrorista em São Petersburgo foi publicada em 24 de abril em um site mauritano.

O grupo terrorista, até então desconhecido, já havia se dirigido para o “povo russo” com o pedido de que pressionasse o governo a cessar “a guerra contra os muçulmanos na Síria, na Tchetchênia e na Líbia”.

Na declaração divulgada, o grupo aponta o executor do ato em São Petersburgo, Akbarjon Djalilov, como um de seus membros e adverte para novos ataques no país. Segundo o jornal britânico BBC, o Batalhão teria mantido contato com membros influentes da Al Qaeda por meio do aplicativo de mensagens instantâneas Telegram.

Pouco se sabe sobre a formação do grupo, contudo. Acredita-se que o nome mencionado no site mauritano seja uma homenagem ao extremista tchetcheno Shamil Basaev, que lutou ativamente nas duas guerras da Tchetchênia, nas décadas de 1990 e 2000. Mas também poderia ser uma alusão a Imam Shamil, que uniu os montanheses do Cáucaso do Norte no século 19 para lutar contra a Rússia por várias décadas.

“Brotam como cogumelos”

O fato de que o grupo era desconhecido anteriormente não significa que a declaração é falsa, acreditam os especialistas.

Na opinião de Serguêi Demidenko, acadêmico do Instituto de Estudos Sociais da Ranepa, é provável que o grupo, de fato, exista. “É impossível prever a aparência de tais estruturas. Em geral, esses tipos de grupos aparecem, tentando provar que são capazes, para jurar fidelidade a algo mais substancial (a Al Qaeda, por exemplo). O número desses grupos é infinito. Eles costumavam brotar como cogumelos no Iraque no passado”, disse à Gazeta Russa.

Posição semelhante é compartilhada pelos diretores do Centro para Estudos do Oriente Médio e Ásia Central, Semion Bagdasarov, e do Centro de Análise de Conflitos do Oriente Médio no Instituto RAS dos EUA e Canadá, Aleksandr Chumilin.

“Não há nada estranho no fato de que a declaração ter aparecido em um site mauritano: os jihadistas usam qualquer plataforma acessível para difundir suas mensagens”, explica Chumilin.

Terroristas de volta

Para Chumilin, a aparição do chamado Batalhão pode ser a prova de que mudanças sérias estão ocorrendo nas fileiras dos terroristas.

“Enquanto as principais organizações terroristas reagrupam suas forças, e as formações básicas do Estado Islâmico na Síria e no Iraque estão sendo destruídas, os militantes se moverão para a periferia, para lugares como o Norte do Cáucaso”, diz.

Demidenko destaca também a existência de diversos cidadãos russos lutando entre os extremistas no Oriente Médio. “Alguns grupos na Síria são integralmente formados por tchetchenos. À medida que são expulsos da região, vão regressando à Rússia.”

Ao ordenar a prisão de um dos réus no caso, a juíza afirmou haver possibilidade de ligação entre os militantes que realizaram o ato terrorista no metrô de São Petersburgo e extremistas no Oriente Médio. Também mencionou informações sobre um possível financiamento do ato por membros de um grupo extremista internacional na Turquia.

Para combater as ameaças dos jihadistas, a Rússia precisa desenvolver uma estratégia complexa, acreditam os especialistas. Não se trata de lutar no Oriente Médio. Nesse caso, os extremistas voltarão mais depressa a seus países, incluindo a Rússia.

Demidenko acredita que os serviços especiais russos “devem se concentrar nas casas dos extremistas – se, quando retornarem, está tudo em ordem”.

Segundo o analista, os adeptos do radicalismo islâmico não serão derrotados por meio de medidas operacionais, uma vez que a vitalidade de sua ideologia é condicionada pelo componente social. Suas ideias igualitárias são orientadas aos humilhados e ofendidos. Basicamente, trata-se de uma nova versão da ideologia esquerdista”, diz.

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