Turismo médico na Rússia cresce em 24%

Tratamento odontológico e fertilização in vitro são serviços mais buscados na Rússia

Tratamento odontológico e fertilização in vitro são serviços mais buscados na Rússia

Valéri Charifulin/TASS
Quantidade de turistas que buscam tratamento médico e odontológico no país cresce devido à qualidade de serviços, legislação flexível e valores abaixo do mercado.

Cada vez mais estrangeiros viajam para a Rússia em busca de tratamento médico, segundo a Associação Russa de Turismo Médico. Dados da organização revelam que esse aumento foi de quase 24% ao longos dos últimos anos.

Entre os procedimentos mais procurados por esse pacientes está a fertilização in vitro, que é cerca de 2,5 vezes mais barata no país do que na Europa ou nos EUA.

Outra vantagem que atrai estrangeiros interessados em tal procedimento é o fato de a legislação reprodutiva na Rússia ser mais flexível e liberal.

Odontologia, porém, é o setor de saúde mais popular entre os cidadãos de fora que viajam para a Rússia por razões médicas e corresponde a cerca de 44% do montante.

“Os grupos de turistas chineses, por exemplo, costumam encontrar um tempinho entre as visitas guiadas, para ir ao consultório de um dentista”, diz Konstantin Onischenko, presidente da Associação Russa de Turismo Médico.

Legislação fértil

“A maioria dos nossos pacientes estrangeiros vêm de países vizinhos da ex-URSS, incluindo Cazaquistão, Quirguistão, Ucrânia e Bielorrússia; mas há também aqueles de mais longe no exterior – Itália, Irlanda, França, Sérvia, China, EUA, Austrália e Canadá”, diz Elena Kalinina, diretora da clínica de saúde reprodutiva ART-EKO.

 

Segundo a especialista, os estrangeiros viajam para a Rússia sobretudo para procurar doadores de óvulos e barrigas de aluguel.

Os especialistas acreditam que a flexibilidade das leis russas na área contribuem para o crescimento do turismo de fertilidade. “Na Itália, por exemplo, a doação de óvulos e as barrigas de aluguel sempre encontraram resistência da Igreja Católica. Há uns dois anos, esse tipo de doação foi legalizada lá, mas o setor se desenvolve lentamente”, diz Aleksandr Obidennov, diretor clínico da Karmenta, em Moscou.

Além disso, o Reino Unido, por exemplo, proíbe qualquer tipo de compensação financeira para doadores de óvulos, enquanto Israel impõe um limite rigoroso de idade para o tratamento de fertilização in vitro (FIV) e reprodução assistida.

“No total, o programa de doação de óvulos que nossa clínica oferece, e que inclui o procedimento de FIV, custa de 2.500 a 5.500 euros; e os preços são os mesmos para os cidadãos russos e estrangeiros”, explica Obidennov.

Ainda segundo os profissionais, a Rússia estaria competindo com a Espanha, que vem despontando como líder em procedimentos de fertilização in vitro. Além de a doação de óvulos ser permitida no país e assistência à saúde ser de alta qualidade, o custo dos dos programas de FIV em clínicas espanholas não é muito superior ao das russas.

Na Rússia, uma mãe de aluguel deve receber uma compensação de 16.500 a 20.000 euros – valor semelhante ao praticado na Espanha. Esse preço ainda é de 20% a 30% mais barato que na Tailândia, “mas a qualidade dos cuidados de saúde no país asiático é menor”, alertam os especialistas.

É por isso que, apesar da competição, os profissionais russos garantem que o país tem um enorme potencial para desenvolver programas de FIV, inclusive para estrangeiros.

“Além do mais, de acordo com a Sociedade Europeia de Reprodução Humana e Embriologia (ESHRE), a Rússia é um dos sete países mais eficazes em tecnologia de reprodução assistida”, afirma Kalinina.

Visto médico

A procura por tratamento oncológico também cresce no país, e os estrangeiros geralmente chegam à Rússia atendimento com médicos de prestígio internacional.

“Recentemente, um paciente iraniano com câncer de rim veio aqui para fazer um tratamento experimental. A Rússia tornou-se um dos países onde é possível fazer de graça ensaios clínicos envolvendo programas de terapia alvo”, diz Onischenko.

Os especialistas acreditam, porém, que, para intensificar o turismo médico no país, será necessário resolver uma série de questões. Uma delas é a introdução de vistos médicos (com validade de até seis meses e múltipla entrada) para tais pacientes.

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