Cresce número de estrangeiros em universidades russas

Aumento, favorecido por queda do rublo, é de 9% ao ano desde 2003

Aumento, favorecido por queda do rublo, é de 9% ao ano desde 2003

Artiom Gueodakian/TASS
Queda do rublo em relação ao dólar e ao euro atrai estudantes de países além das ex-repúblicas soviéticas. Fluxo aumenta arrecadação para orçamento de instituições.

Em novembro passado, as principais universidades da Rússia participaram do Dia do Graduando, que reuniu formandos na Rússia de diversas partes do mundo, com o intuito de aumentar o fluxo de estudantes estrangeiros.

Entre os organizadores do evento, cuja iniciativa partiu do Ministério da Educação e Ciência, estiveram presentes instituições de Moscou, como a Universidade Russa da Amizade dos Povos e a Escola Superior de Economia da Estatal de Moscou.

Atualmente, de acordo com a pasta da Educação, há mais de um milhão de graduados procedentes de 160 países, e a ideia do programa é fomentar os vínculos entre a Rússia e os licenciados em universidades do país.

Um dos fatores que têm contribuído para ampliar o número de estudantes estrangeiros (não só dos países mais distantes, mas também das ex-repúblicas soviéticas) é a queda do rublo em relação ao euro e ao dólar norte-americano.

Segundo dados coletados pela Academia Presidencial Russa de Economia Nacional e Administração Pública, nos últimos dez anos, o número de estrangeiros que cursam universidade na Rússia praticamente triplicou.

De 100.900 estudantes estrangeiros matriculados em cursos acadêmicos no ano letivo de 2004-2005 (presenciais ou à distância), esse índice saltou para 282.900 em 2015. O aumento registrado se refletiu também na arrecadação geral das universidades russas, que subiu quatro vezes: de US$ 356 milhões para 1,46 bilhões no mesmo período.

Total de estudantes

No ano letivo de 2014-2015, o número de estudantes estrangeiros em cursos presenciais na Rússia cresceu 17,2% em relação ao ano anterior; já nos cursos de ensino à distância, o aumento foi de 6,1%.

Segundo Gulnara Krasnova, que leciona no Centro de Economia de Formação Continuada da Academia Presidencial Russa, o crescimento anual do número de estudantes estrangeiros em cursos presenciais desde 2003 beira aos 9%.

Entre as universidades com maior fluxo de alunos de fora são a Universidade da Amizade dos Povos, a Universidade Estatal de São Petersburgo, a Universidade Politécnica Pedro, o Grande, a Universidade Federal da Crimeia e a Universidade Estatal de Moscou Lomonossov, destaca Krasnova.

Embora a maioria desses estudantes (53%) sejam oriundos de ex-repúblicas da URSS, a situação também vem mudando nos últimos anos.

O reitor do Instituto de Energia de Moscou, Vladímir Zamolodtchikov, acredita que a movimento se deva à mudança de perspectiva do Ministério da Educação e Ciência russo, que, desde 2012, começou a acompanhar as universidades a partir do ponto de vista de sua internacionalização, incluindo o número de estrangeiros matriculados.

“Em 1946 havia apenas duas universidades em Moscou que atraíam um grande número de estudantes de outros países: a Universidade Estatal de Moscou e o Instituto de Energia de Moscou”, diz Zamolodtchikov.

Para a maioria das universidades russas, porém, a captação de estudantes estrangeiros é um tipo relativamente novo de atividade. “Na época da queda da URSS, quase nenhuma universidade russa tinha experiência na seleção de estudantes estrangeiros nem contato com eles”, diz Krasnova.

Durante o regime soviético, o processo seletivo para alunos de fora era realizado pelo Ministério da Educação Especial Superior e Secundária da URSS e mais tarde pelo Comitê Estatal da URSS para educação popular.

Verba extra

Segundo Krasnova, 61,6% dos estrangeiros são alunos pagantes. Traduzindo em números, em torno de 113 mil pessoas geraram US$ 215 milhões às universidades do país durante o ano letivo de 2014-2015.

O impacto desse montante no orçamento das instituições de ensino superior russas não é, entretanto, significativo considerados os custos.

Em 2016, o portal de consultoria financeira ValuePenguin.com publicou um ranking de universidades conforme os valores cobrados de estudantes estrangeiros. A Rússia ocupou a 15ª posição entre os países com menor taxa de matrícula.

“Cerca de 15.000 bolsas são concedidas por ano na Rússia, e ultimamente esse parâmetro triplicou”, diz Zamolodtchikov.

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