Anistia Internacional tem escritório lacrado em Moscou

Nikitin, diretor da AI na Rússia: “Não recebemos nenhuma explicação”

Nikitin, diretor da AI na Rússia: “Não recebemos nenhuma explicação”

Reuters
Autoridades alegaram atraso de pagamento no aluguel, mas ONG nega.

As autoridades russas fecharam, na quarta-feira (2), escritório da organização de direitos humanos da Anistia Internacional (AI) em Moscou, sob alegação de descumprimento de condições do contrato de aluguel.

“Na manhã de quarta, nossos funcionários perceberam que a porta do escritório alugado do Mosgorimuschestvo (departamento de propriedades da capital) por mais de 20 anos estava lacrada, com um pedaço de papel colado dizendo que o objeto é de propriedade sujeita à Federação e sem um representante do departamento de Moscou, a porta não poderia ser aberta”, relatou o diretor do escritório da Anistia, Serguêi Nikitin, à agência de notícias TASS.

O escritório teve as fechaduras trocadas e a eletricidade cortada. Apesar das alegações de atraso no pagamento do aluguel, Nikitin disse não saber o motivo da interdição.

“Nós não recebemos nenhuma explicação, ninguém responde no número de telefone indicado no papel, não recebemos nenhuma carta em relação ao escritório e sempre pagamos o aluguel em dia”, acrescentou Nikitin.

Outro representante da Anistia em Moscou, Ivan Kondratenko, escreveu em sua página no Facebook que, ao encontrar a porta lacrado, os funcionários contataram o departamento de propriedade da cidade de Moscou, “mas ninguém sabe nada”.

“Estamos pagando nosso aluguel por esses 20 anos. Este que era o primeiro e único escritório da Anistia na Rússia”, publicou Kondratenko.

Em um comunicado de imprensa, as autoridades municipais afirmam que a ONG cometeu “violações significativas das condições de pagamentos de aluguel” e que o departamento de propriedade da cidade havia notificado o locatário da necessidade de pagar sua dívida dentro de um mês.

A nota não indica a data em que as autoridades notificaram a AI, mas reafirma que, em caso de não pagamento, o contrato de locação seria anulado em três meses.

“Os inquilinos desonestos ignoraram o aviso”, lê-se no comunicado. Por quebra das condições, segundo as autoridades, o acordo foi anulado, e as instalações, fechadas.

Questionado por jornalistas, o porta-voz do presidente russo, Dmítri Peskov, disse não ter conhecimento do assunto. “Escuto isso de vocês pela primeira vez, não tenho nenhuma informação sobre o assunto”, rebateu Peskov na quarta-feira.

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