Centro Levada é tachado de “agente estrangeiro”

Sob novo status, centro não poderá publicar pesquisas de eleições do dia 18

Sob novo status, centro não poderá publicar pesquisas de eleições do dia 18

Kommersant
Medida contra maior instituto de opinião pública privado do país dificulta observação de eleições parlamentares.

Na última segunda-feira (5), o Ministério da Justiça russo qualificou o instituto de opinião pública Centro Levada como "agente estrangeiro", após pedido, em julho, do movimento de extrema direita "Antimaidan".

De acordo com o Ministério, o Levada foi listado por receber financiamento estrangeiro - proveniente de países como o Reino Unido, EUA, Noruega, Alemanha - e realizar atividades políticas, ou seja, a divulgação de pesquisas de opinião pública.

O diretor do Levada, Lev Gudkov, considerou a medida como "encomenda política", dizendo que verificação realizada no instituto em agosto foi "tendenciosa".

Um golpe à reputação

O Centro Levada é um dos três maiores serviços sociológicos da Rússia e o único privado, sem conexões com o governo. Tachado como "agente estrangeiro", suas operações serão dificultadas, de acordo com o vice-diretor do centro, Aleksêi Grajdanin.

"Esse conjunto de palavras tem conotação bastante negativa, é um carimbo na testa que limita bastante a atuação", disse Grajdanin à Gazeta Russa.

Além disso, organizações assim qualificadas têm que enfrentar maiores burocracias, de acordo com a professora de direito da Escola Superior de Economia, Svetlana Vassílieva.

"Elas têm que fornecer relatórios regulares sobre o uso de capital, passam por auditorias. O órgão que incluir a organização nessa lista ainda tem o direito de realizar verificações planejadas e surpresas nela", enumera Vassílieva.

Afastamento das eleições

A principal consequência do novo status para o centro é, porém, a proibição de que ele publique resultados relacionados às eleições parlamentares, que acontecem no próximo dia 18.

"Qualquer comentário sobre os dados recebidos, mesmo que neutro, pode ser considerado 'agitação pré-eleitoral', e a participação nesse tipo de ação é proibido a todo agente estrangeiro, sob pena de multa", diz Vassílieva.

"Juridicamente, podemos realizar pesquisas relacionadas às eleições, mas não podemos publicar seus resultados", explica Grajdanin.

Para o vice-presidente do Centro de Tecnologias Políticas, Aleksêi Márkin, o instituto foi punido por sua atuação na queda da popularidade do partido governista "Rússia Unida".

"[O governo] quer estigmatizar um serviço sociológico que coloca perguntas embaraçosas como trabalhando a favor do Ocidente", diz Márkin.

O chefe do comitê para assuntos internacionais do Conselho da Federação da Rússia, Konstantin Kossatchiov, escreveu em sua página no Facebook que o Levada recebeu, nos útlimos dois anos, mais de 300 milhões de rublos (US$ 4,6 milhões).

Grajdanin afirmou que, se a apelação do Levada não for bem-sucedida, o instituto deixará de receber financiamento para poder continuar seu trabalho.

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