Centros de crise oferecem a mulheres de psicólogo a abrigo

Espaço reúnem mulheres com mais variados tipos e graus de problemas

Espaço reúnem mulheres com mais variados tipos e graus de problemas

Divulgação
Mais de 80 mil procuram anualmente serviço, que lida com problemas de diferentes graus. Programa é traçado na chegada para responder a necessidades individuais.

Há três mulheres e quatro crianças em uma pequena sala. Quando o fotógrafo ajeita sua câmera, uma mulher na faixa dos 30 anos joga desesperadamente as mãos ao alto e pede que não tire fotos dela: “Estou me escondendo do meu marido aqui”, justifica.

Algumas das mulheres ali presentes seguiram para o centro de crise fugindo de uma crise familiar, outros foram vítimas de um incêndio e há quem simplesmente não tenha como alimentar seus filhos após realizar uma cirurgia complicada.

Topo tipo de ajuda

A ideia dos centros de crise é oferecer a mulher um lugar para onde possa ir quando ninguém mais for capaz de ajudá-la. Neles, além de alojamento temporário, é realizado um trabalho individual, com suporte financeiro, jurídico e psicológico. O tempo de ajuda e permanência é variável, conforme a necessidade de cada uma.

Foto: Press photoTipo de ajuda e tempo de permanência são variáveis  Foto: Divulgação

“Uma mãe com seu filho está ficando com a gente enquanto tentamos levantar dinheiro para lhe comprar um bilhete que os leve à sua cidade natal”, conta Armina, psicóloga que colabora voluntariamente no centro “Lar Aquecido”. “Ela ficou empacada aqui em Moscou e não tem recursos para voar para casa”, completa.

Por quase um ano e meio, a “Lar Aquecido” acolheu também uma mãe de 29 anos de idade, com três filhos, que havia perdido seu apartamento em um golpe imobiliário e fora literalmente obrigada a se mudar para um celeiro.

De acordo com a lei, os serviços de proteção à criança teriam que recolher todos os seus três filhos, incluindo um bebê, porque as condições de moradia proporcionadas por ela eram consideradas inadequadas para as crianças.  As autoridades concordaram, porém, que a família se mudasse para o centro de ajuda a fim de evitar a separação. Em 18 meses, a mulher conseguiu arrecadar fundos suficientes para comprar um apartamento de dois quartos em uma cidade pequena.

Além dos diversos centros de voluntariado, a Rússia possui, ao menos, 19 centros de crise estatais. Estima-se que, atualmente, mais de 80 mil mulheres procurem esse tipo de recurso ao ano, contra as 60 mil que buscavam ajuda em 2005.

Existem também os centros de crise religiosos, cujo principal objetivo tende a ser a redução no número de abortos (só em 2014, mais de 920 mil abortos foram registrados na Rússia). Segundo a filosofia desses locais, ao oferecer abrigo, comida e esperança de um futuro melhor durante os primeiros meses, aumenta-se a chance de que as mulheres decidam manter o bebê.

Photo: Press photoCasos envolvendo mães desamparadas são comuns nos centros Foto: Divulgacão

“Andar com as próprias pernas”

“O nosso principal critério para admissão é que a própria pessoa queira sair do abismo”, diz Maria Studenikina, chefe do “Lar para Mãe”, um centro de gestão de crise com sede em Moscou, que faz parte do serviço de apoio Misericórdia.

“Oitenta por cento do contingente é de mulheres socialmente ativas que ficaram abaladas pelas circunstâncias: o marido morreu, sua casa foi incendiada ou foram abandonadas por suas famílias”, explica o funcionário de um dos centros na Sibéria.

Como o objetivo é ajudar as mulheres a voltar a “caminhar com as próprias pernas”, descreve o funcionário, quando uma mulher chega ao centro, cria-se um roteiro de trabalho: por quanto tempo será necessário alojamento e que tipo de ajuda se busca.

Recentemente, uma mãe solteira que tinha sido criada em um orfanato recebeu, por exemplo, ajuda financeira (carrinho de bebê, fraldas e papinhas) e moral (dois meses de sessões com psicólogos). Para outra, cujos filhos estavam doentes, foram encontrados médicos, e os voluntários ajudam a transportar a família para a clínica.

No casos de reincidentes, o foco principal é encontrar um emprego para a pessoa com registro criminal, enquanto que, para jovens rejeitadas por suas famílias, uma equipe de psicólogos tentar mediar as negociações. “Às vezes, você leva a um pai durão uma foto do neto recém-nascido, e ele amolece”, conta o psicólogo da “Lar Aquecido”.

Apesar das dificuldades de lidar com os envolvidos nessas questões, o maior desafio para o trabalho continua sendo, no entanto, a burocracia, afirma a diretora do maior centro de crise estatal da Rússia, Natalia Zavialova. “Tempo precioso é desperdiçado com papelada sem fim”, diz.

Foto: Press photoAlimentação de crianças é um dos tipos de ajuda oferecida Foto: Divulgacão

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