No meio do caminho entre a URSS e a Rússia moderna

Nostalgia por regime soviético e vida simples são marcas de 50% nas pesquisas

Nostalgia por regime soviético e vida simples são marcas de 50% nas pesquisas

Alena Repkina
Pesquisas revelam preferência de 50% dos russos por economia planificada e Stálin, mas também demonstram abertura da população para questões internacionais.

De acordo com uma pesquisa divulgada no final de abril pelo instituto independente Centro Levada, metade dos cidadãos russos disseram preferir voltar à União Soviética. Além disso, essa mesma parcela estaria disposta a retornar ao sistema socialista com todos os seus atributos, entre eles economia planificada e um líder como Stálin.

Praticamente um a cada dois russos (52%) se disse apto a mudar as relações de mercado e propriedade privada por uma economia planificada e distribuída pelo Estado, e quase a mesma porcentagem (54%) demonstrou sentimentos positivos em relação ao líder soviético Iossif Stálin, “elogiado por sua inteligência”.

Em outubro passado, metade da população já havia apontado a necessidade de um Exército forte, em uma pesquisa realizada pelo Centro Nacional de Pesquisa de Opinião Pública (VTsIOM), uma vez que 48% dos entrevistados disseram acreditar em uma “possível invasão militar”.

Não é à toa que o número de apoiadores da censura da internet e de um maior controle aos sites de notícias estrangeiras também aumenta no país. A ideia de segurança aparece acima de tudo, “tanto que um a cada dois cidadãos até concorda com o retorno do contingente militar à Síria”, mostram os dados do VTsIOM.

Paralelamente, metade dos cidadãos não têm boa opinião sobre os líderes nos últimos dias da União Soviética ou após sua queda: 47% acreditam que o primeiro e único presidente da URSS, Mikhail Gorbatchov, não fez “nada de bom pelo país”, e o primeiro presidente da Rússia, Boris Iéltsin, seria culpado pela então crise (50%).

Apoio a sanções e independência

A nostalgia do passado soviético pode continuar enraizada em metade dos russos, mas essas pessoas também veem a Rússia de hoje como uma grande potência, embora enfrente dificuldades – assim mostraram 50% dos entrevistados recentemente pela Academia Presidencial da Economia e da Administração Pública.

Um em cada dois russos já diz sentir os reflexos a crise que paira sobre o país, e reconhecem ter diminuído os gastos ou passado a comprar produtos mais baratos, mostrou o estudo. Entre eles há preocupação com a crescente pobreza na população e a possibilidade de que a crise financeira de 1998 seja repetida em 2016.

Segundo a pesquisa do VTsIOM, porém, metade dos russos ainda mantêm apoio às sanções, pois acreditam que façam parte de um rigoroso plano anticrise do governo.

Também defendem a independência de países vizinhos que querem viver separados, como a Ossétia do Sul, Abecásia, Transnístria ou Nagorno-Karabakh. “Para metade dos russos, o direito à autodeterminação é de extrema importante”, lê-se em uma reportagem do “Vedomosti”.

Viagens e religião

Apesar das atuais dificuldades econômicas, metade dos russos se mostram otimistas com a vida, segundo pesquisa divulgada pela Interfax em março, e têm certeza de que, se fossem despedidos, conseguiriam encontrar outro emprego tão bom quanto o atual.

Ainda segundo as pesquisas, um a cada dois russos não acompanha as variações de câmbio do dólar, não usa smartphones e prefere telefones simples e baratos. Quando saem de férias, vão para a datcha (casa de campo), onde passam todos os verões.

Paralelamente, metade da população russa confia que “tudo acontece pela vontade divina”: além de 50% dos russos acreditarem que suas vidas estão predestinadas, também esperam milagres religiosos e se assustam com a perspectiva de maldição.

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