Tour de Kirill à América Latina gera debate sobre renda da Igreja

Venda de objetos religiosos é uma das principais, porém não única, fontes de financiamento da instituição

Venda de objetos religiosos é uma das principais, porém não única, fontes de financiamento da instituição

Kommersant
Viagem de patriarca pelo Brasil e outros países custou US$ 270 mil, mas economistas garantem que montante é irrisório para instituição, que hoje atua como uma empresa.

A recente viagem do patriarca Kirill, a maior autoridade da Igreja Ortodoxa Russa (IOR), pela América Latina, que incluiu Brasil, Cuba e Paraguai, custou pelo menos US$ 272 mil, segundo o jornal RBC. Mas, segundo os economistas, os gastos são insignificativos para a organização, cujos lucros não são tributados.

De acordo com os dados do Serviço Federal do Impostos russo, só em 2014, a IOR recebeu mais de US$ 75,7 milhões com a venda de literatura religiosa, cerimônias e doações.

O rendimento da instituição nos anos 2000 teria sido, porém, de quase U$ 500 milhões ao ano, segundo dados não oficiais do sociólogo Nikolai Mitrôkhin.

“Na época, a Igreja recebia 55% dos lucros de suas empresas comerciais, 40% de doações de patrocínio e 5% das dioceses”, explica o pesquisador.

A correlação entre os ganhos foi alterado desde 2015, com a diminuição de doações de patrocínio e aumento contribuições das dioceses, que passaram a representar mais de um terço dos rendimentos da Igreja.

Grande negócio

Estima-se que, entre 2012 e 2015, a IOR e suas estruturas associadas receberam US$ 189,2 milhões do orçamento federal. Este ano, o governo russo planeja transferir US$ 35,1 milhões à IOR para a realização de programas federais de desenvolvimento espiritual e educacional, bem como a conservação e a restauração de igrejas.

No entanto, uma das principais fontes dos rendimentos do Patriarcado de Moscou é a fábrica Sofrino, que produz mobiliário para quase metade das igrejas no país, além de velas e ícones, cujos preços chegam até US$ 20 mil.

As receitas mensais dos templos pelo país variam entre US$ 40,5 mil e US$ 70 mil. Entre 10% e 15% desse montante é transferido às dioceses (filiais regionais da Igreja), que, por sua vez, repassam 15% ao Patriarcado. Mas atividades vão muito além das questões religiosas.

Segundo o jornal “Vedomosti”, a IOR aluga salas de reuniões e recebe o lucro de dois hotéis em Moscou, o Universitétski e o Danílovski (que faturou cerca de US$ 1,5 milhão em 2014).

Além do direito sobre a venda de determinados medicamentos e joias, a instituição se tornou em 2010 cofundadora da BMW Rússia, negociando carros por uma rede de empresas afiliadas.

Algumas dioceses têm ainda participação em grandes corporações. Este é o caso da de Iekaterinburgo, que é proprietária da pedreira Granit, e a de Kemerovo, que, além de possuir a empresa de construção KSK, é coproprietária de uma agência de publicidade.

Catedral da salvação

A Catedral de Cristo Salvador, considerada a principal igreja de Moscou e ícone do renascimento cristão ortodoxo no país, também é considerada uma fonte significativa de renda.

Além da própria igreja, o território dispõe de lava-carros, cantina, lavanderia e estacionamento subterrâneo pago com 305 vagas. Segundo os economistas, esse complexo gera cerca de US$ 675 mil por ano.

O tempo e as áreas circundantes pertencem, porém, não à IOR, mas à cidade de Moscou, e são gerenciados pela organização sem fins lucrativos Fundo de da Catedral de Cristo Salvador.

Com materiais dos jornais RBC, Vedomosti e Newsland

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