Após acidente, companhias aéreas registram menor demanda

Necessidade de voar a trabalho faz russos enfrentarem medo

Necessidade de voar a trabalho faz russos enfrentarem medo

Getty Images
Companhias aéreas da Rússia vêm registrando menor demanda desde incidente no sábado passado (31). Especialistas garantem que tendência negativa deve cessar em poucas semanas.

A jornalista Anna, de 34 anos, está se preparando para viajar de férias ao Egito menos de uma semana depois do desastre aéreo sobre a Península do Sinai. Mesmo não tendo medo de avião, ela assume estar um pouco nervosa para o voo. “Minha única preocupação é tranquilizar minha mãe. Vou tomar um calmante ao me sentar no avião”, adianta.

Embora poucos russos tenham desistido das passagens já compradas para o Egito, o volume de vendas de novos bilhetes e pacotes para qualquer destino caiu desde o incidente, de acordo com dados das companhias aéreas e agências russas.

Não há dados preciso sobre o volume de perda das companhias aéreas russas, mas a desaceleração do mercado deve prolongar ao longo das próximas duas semanas.

“As pessoas quase não desistem de viajar, pois as condições de reembolso não são vantajosas, mas analistas apontam para a queda de novas reservas”, diz a diretora-executiva da Associação Russa de Operadores de Turismo (ATOR), Maia Lomidze.

A expectativa é que a venda de passagens para qualquer destino, e não somente ao Egito, se mantenha em baixa na próxima semana. “Em seguida, o mercado irá se recuperar”, acrescenta a diretora da ATOR.

“O prazo de recuperação de duas semanas é bastante típico para a Rússia. Felizmente, aviões não caem com frequência, mas é preciso salientar que a sociedade russa se recupera muito rapidamente dos choques.”

Necessidade de voar

A aerofobia, ou medo de voar a avião, é bastante comum entre os russos, segundo o psiquiatra e especialista em casos de catástrofes naturais e de massa, Mikhail Vinográdov. “Mas as pessoas são obrigadas a viajar a trabalho tomando calmantes. Às vezes, tais passageiros são literalmente levados pela mão até o avião”, conta.

Produtora de eventos, Maria, de 30 anos, é obrigada a voar regularmente por causa do trabalho, mesmo já tendo sido diagnosticada com aerofobia. “Durante o ano, faço, em média, 30 voos, tanto para o exterior como pela Rússia, todos essencialmente a negócios.”

“Cada acidente aéreo novo me deixa em estado de choque, mas é impossível deixar de voar e, por isso, me apoio em estatísticas. O avião é o meio de transporte mais seguro, mas infelizmente desgraças acontecem”, diz.

Para Vinogradov, grandes acidentes são seguidos por uma espécie de “eco da tragédia”. “A primeira reação é medo, seguido por esperança de que não acontecerá novamente. Por isso, as viagens não são canceladas”, explica o psiquiatra.

 

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