‘Regimento Imortal’, o movimento à prova de ideologias

Número reduzido de veteranos tem feito com que entes queridos prestem homenagem aos responsáveis por vitória na Segunda Guerra Foto: AP

Número reduzido de veteranos tem feito com que entes queridos prestem homenagem aos responsáveis por vitória na Segunda Guerra Foto: AP

Marcha em homenagem a veteranos reuniu mais de 1 milhão de pessoas pelo mundo.

Após o fim da Grande Guerra Patriótica, como é conhecida a Segunda Guerra Mundial na Rússia, desfiles que contavam com a presença de veteranos passaram a ser realizados em homenagem à Vitória sobre a Alemanha nazista. Porém, ao longo dos anos foi diminuindo o número de pessoas que haviam participado da guerra e, há três anos, surgiu a ideia de realizar o “desfile da memória”, que recebeu o nome de “Regimento Imortal”.

Neste ano, o movimento atingiu grandes proporções e contou com a participação de mais de 1 milhão de pessoas em todo o mundo. A mais numerosa delas aconteceu em Moscou, onde cerca de 500 mil pessoas passaram pelo centro da cidade.

Serguêi Lapenkov, um dos organizadores da primeira ação “Regimento Imortal”, acredita que a razão do sucesso da marcha é o seu distanciamento da política e do mundo dos negócios. “O nosso princípio mais importante é a união”, disse Lapenkov à Gazeta Russa.

“Qualquer pessoa pode fazer parte das fileiras do ‘Regimento’, independentemente de suas opiniões políticas, religiosas, partidárias ou outras quaisquer. Para nós, o mais importante é nos lembrarmos dos nossos soldados.”

No entanto, o jornal “Moskovski Komsolmolets” publicou que, após o término do evento, os organizadores do movimento patriótico notaram na internet fotos com imagens de fitas de São George – santo considerado padroeiro dos soldados, e as fitas simbolizam o Dia da Vitória – e de retratos de veteranos que haviam sido exibidos durante o desfile e depois jogados em latas de lixo.

Segundo os organizadores, os internautas poderiam tirar a conclusão de que os retratos que as pessoas estavam portando não eram de seus entes queridos e que elas simplesmente estavam lá para criar a aparência de uma participação em massa, o que deixou os indignados. As fotos, que poderiam ser falsas, foram então apresentadas à Procuradoria-Geral para que fosse conduzida uma investigação.

Um regimento para todos

Moscou, 9 de maio, três horas da tarde. A Rua Tverskaia, uma das maiores ruas no centro de Moscou, estava completamente tomada – as pessoas estão tão próximas umas das outras, que não se pode dar um passo sequer. Esse ponto marca exatamente a metade do trajeto, cujo comprimento total é de 4,5 km.

Havia tantas pessoas que os organizadores foram obrigados a parar as colunas para evitar que os participantes esmaguem uns aos outros. Mas as pessoas estavam felizes por estarem ali, tinham vindo de locais diversos para homenagear a memória de parentes e pessoas próximas. Em suas mãos estavam fotos e retratos daqueles que já não estavam mais entre eles, daqueles que lutaram contra o nazismo.

Olhando para o mar de pessoas era difícil imaginar que o “Regimento Imortal” tem apenas três anos. A marcha foi realizada pela primeira vez em 2012, na cidade siberiana de Tomsk, onde um grupo de jornalistas locais achou que dessa forma poderia ajudar os moradores da cidade a honrar a memória de seus antepassados que combateram na Segunda Guerra. 

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