Centros de pesquisa ganham concorrentes, mas sem perder confiança

Nos últimos tempos começaram a aparecer estudos sociológicos de pequenas empresas Foto: Shutterstock

Nos últimos tempos começaram a aparecer estudos sociológicos de pequenas empresas Foto: Shutterstock

As três maiores empresas russas de pesquisa sociológica estão começando a dividir terreno com centros menores. Conheça as especificidades do trabalho dos sociólogos e veja como a atitude dos russos em relação às pesquisa mudou ao longo do tempo.

Existem na Rússia três grandes centros de investigação sociológica: o Centro Russo de Estudo de Opinião Pública (VTsIOM, na sigla russa), o Centro Levada e a Fundação Opinião Pública (FOM, na sigla em russo). Mas, embora os princípios de funcionamento das três empresas sejam semelhantes, cada uma delas guarda as suas particularidades.

“Recorremos à mais recente tecnologia e metodologia, trabalhamos com a reação nos meios de comunicação social”, diz a diretora para as pesquisas internacionais do VTsIOM, Olga Kamentchuk. Fundado em 1987, o VTsIOM é o mais antigo entre os três centros de pesquisa.

“Na época da perestroika começaram a entender que a opinião pública tinha uma importância fundamental tanto na esfera socioeconômica, como na política. Isso determinou o papel preponderante dos centros de pesquisa”, conta Kamentchuk.

Os primeiros diretores do VTsIOM foram Tatiana Zaslávskaia e Iúri Levada. Em 2003, Valeri Fiodôrov passou a comandá-lo, e Iúri Levada deixou o VTsIOM para fundar a sua própria empresa: o Centro Levada. Uma década depois, o principal diferencial destes centro é a atenção dada aos indicadores de atividade política.

“Todas as amostras tendem a favor das pessoas socialmente ativas: a participação em pesquisas sociológicas é, por si só, uma forma de atividade social. Nós levamos isso em conta no processamento dos dados”, ressalta o atual vice-diretor do Centro Levada, Aleksêi Grajdánkin.

O terceiro centro de pesquisa com mais destaque no país também já foi parte do VTsIOM. Porém, desde 1992, a Fundação Opinião Pública realiza estudos sociológicos de forma independente.

“Tomamos mais precauções que as outras para evitar perguntas de duplo sentido”, diz o diretor do setor analítico da FOM, Grigóri Kertman. “Ao contrário de nossos colegas, acreditamos que não vale a pena insistir e que o melhor é registrar que o entrevistado teve dificuldade para responder.”

Dados alternativos

“Não tem isso de haver uma que goze de maior confiança que as outras, são todos grupos sérios”, diz o professor de sociologia da Escola Superior de Economia, Nikita Pokrovski.

Porém, segundo O professor do Instituto Estatal de Relações Internacionais de Moscou (MGIMO, na sigla em russo), Valeri Solovei, as pesquisas sociológicas não só atuam como um espelho da opinião pública, como também a formam.

“Tanto o governo como a oposição utilizam-nas para promover as suas posições, dando a ideia de dados objetivos”, diz. “Eles não vão mentir porque isso lesa a reputação. Também não falsificam dados diretamente, mas fazem as perguntas de modo a obter o resultado desejado.”

“O serviço sociológico FBK, do líder da oposição Aleksêi Naválni, que se posiciona como uma alternativa às três principais organizações, também é um instrumento de influência da opinião pública. Mas lá não existem profissionais que consigam se tornar alternativa aos três centros”, acrescenta Solovei.

Nos últimos tempos começaram a aparecer estudos sociológicos de pequenas empresas, como, por exemplo, das agências de recrutamento SuperJob.ru e Headhunter.

Queda, mas não de confiança

Para estimar o grau de representatividade dos estudos, a Gazeta Russa perguntou a representantes das três principais empresas qual a relação dos russos em relação às pesquisas sociológicas publicadas.

Segundo Olga Kamenchuk, do VTsIOM, dois terços dos russos revelam interesse pelos dados sociológicos. Dado semelhante foi apresentado pela analista Irina Ossipova, da FOM, para quem 74% dos russos se interessam pelos estudos. Mas Aleksêi Grajdánkin, do Centro Levada, acredita que o interesse nas pesquisas está caindo e, por isso, chega a 31% da população.

Mesmo assim, os especialistas concordaram que o nível de confiança nas pesquisas é bastante elevado entre os russos. “Não registramos nenhuma queda de confiança nos resultados das pesquisas – o indicador se mantém estável nos 54%”, aponta Grajdánkin.

 

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