Nacionalistas protestam em apoio à unidade russa e ao sudeste da Ucrânia

Desunião dos russos foi apontada como principal problema para organização do ato Foto: Anton Novodrióchkin/TASS

Desunião dos russos foi apontada como principal problema para organização do ato Foto: Anton Novodrióchkin/TASS

Dia da Unidade Nacional, celebrado nesta terça-feira (4) foi marcado por duas manifestações nacionalistas em Moscou: a ‘Marcha Russa’ e uma ação em apoio ao sudeste da Ucrânia. No final das ações, dezenas de pessoas foram detidas pela polícia.

A chamada “Marcha Russa” aconteceu na região metropolitana de Liublinó, a sudeste de Moscou, sob os slogans “Unidade russa”, “Liberdade e Justiça para o povo russo” e "Contra o terror da polícia secreta”, entre outros.

Um dos líderes dos nacionalistas e organizadores da marcha, Aleksandr Belov (conhecido como Pótkin), foi preso pela polícia metropolitana pouco antes da manifestação. Ele havia sido indiciado por “fraude em grande escala” envolvendo banco cazaque BTA e “incitamento ao ódio étnico”.

De acordo com as autoridades policiais, as ações nacionalistas tiveram pouca adesão em comparação com anos anteriores. Dados da assessoria de imprensa do departamento de Moscou do Ministério do Interior, indicam que a ação envolveu cerca de 2 mil pessoas. Os organizadores, entretanto, falam em 10 mil manifestantes.

Ao fim do protesto, as forças de segurança detiveram dezenas de pessoas por gritarem palavras de ordem proibidas e por cobrirem o rosto com máscara. Com base em dados recentes, 20 pessoas acusadas ​​de “insultar o presidente da Rússia” ainda se encontram no Centro de Detenção Preventiva.

Apoio à Novoróssia

No início de setembro, membros da extrema direita realizaram uma pesquisa na principal rede social do país, a VKontakte, na qual foram questionados sobre como deveria ser a Marcha Russa de 2014. Mais de 15 mil pessoas responderam à enquete.

O que é o Dia da Unidade Nacional?

Desde 2005, o Dia da Unidade Nacional é anualmente comemorado em 4 de novembro. As ações políticas e celebrações em Moscou e outras cidades das Rússia são feitas em memória dos acontecimentos de 1612, quando as milícias populares lideradas por Kuzmá Mínin e Dmítri Pojárski libertaram Moscou dos invasores poloneses.

Do total de respondentes, 31,2% dos usuários se pronunciaram a favor de levantar a bandeira em apoio à Novoróssia – território no sudeste da Ucrânia cuja população é a favor da independência da região. No entanto, 51,9% dos internautas afirmaram que a manifestação deveria acontecer “sob os slogans da união eslava russo-ucraniana”.  Apenas 16,9% apoiaram a “proibição de quaisquer lemas associados à Ucrânia”.

As opiniões divididas em torno do evento resultaram em uma segunda ação nacionalista simultaneamente à “Marcha Russa”. O protesto, que ocorreu no bairro de Chukino, no noroeste de Moscou, recebeu o nome “Em apoio à Novoróssia”.

O ex-ministro da Defesa da autoproclamada República Popular de Donetsk, Ígor Strelkov, apelou para que as pessoas saíssem à rua para se juntar à manifestação de apoio aos separatistas da Novoróssia. “Mostrem aos combatentes que vocês estão com eles”, dizia uma publicação nas redes sociais feita pelos líderes do movimento.

No entanto, segundo o organizador da passeata em apoio à Novoróssia, Andrêi Saveliev, nenhum dos líderes das repúblicas autoproclamadas, incluindo Strelkov, compareceu à manifestação.

União na rede

Os usuários das redes sociais acreditam que a realização da “Marcha Russa” foi problemática devido à desunião da sociedade russa. “A fragmentação causa preocupação. Torna-se impossível organizar ações em grande escala”, declarou o internauta Vitáli Kritchevtsov em um comentário no Facebook.

A posição de Kritchevtsov foi também compartilhada por outros usuários. “Para seguir em frente é necessário repensar a quem se associar e sob quais fundamentos, e também conhecer bem a alternativa a tudo o que acontece”, disse Natália Grigórieva.

Somos um só”

Paralelamente às ações da oposição nos bairros periféricos, a rua principal da capital foi tomada por representantes das principais forças políticas do país, reunidos sob o lema “Somos um só”. Pela primeira vez na história da Rússia, líderes dos partidos Rússia Unida, Partido Comunista, Rússia Justa e Partido Liberal Democrata caminharam juntos ao longo da rua Tverskaia.

“Somos um só – esta é a nossa principal ideia, e que deve ficar. Somos um só povo e queremos viver em nosso país grande, bonito e livre. Queremos que o país seja forte, para que ninguém pense que pode nos calar e tudo ficar por aí mesmo”, disse um dos organizadores do evento e diretor do Centro Científico Bakuliev de Cirurgia Cardiovascular, Lev Bokéri.

De acordo com os dados da assessoria de imprensa do departamento de moscou do Ministério do Interior, cerca de 75 mil pessoas participaram do evento no centro da cidade.

 

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