Marcha reúne milhares pela restauração da paz na Ucrânia

Marcha reunius os mais diversos grupos da oposição Foto: AP

Marcha reunius os mais diversos grupos da oposição Foto: AP

Ação oposicionista em grande escala ao som de slogans antiguerra contou com a presença de 5 mil (dados do Ministério do Interior) até 100 mil de pessoas (dados dos organizadores). Evento aconteceu neste domingo (21) e foi alvo de alguns conflitos, que acabaram sendo prontamente dispersados pela polícia.

Uma hora antes da Marcha pela Paz, algumas pessoas que estavam perto do local de concentração para o início do protesto empunhavam bandeiras da Novarossia e fitas de São Jorge – símbolo das milícias pró-russas do sudeste da Ucrânia, qualificadas como separatistas pelos principais organizadores da marcha. A ideia era expressar a sua indignação pelo que chamaram de “ação pró-ucraniana” em Moscou. “Tenham vergonha pela marcha dos traidores! Donbass, a Rússia está contigo!”, gritavam.

Ali ao lado, pessoas com bandeiras da Ucrânia e fitas azuis e amarelas chegavam para participar da Marcha pela Paz. O bate-boca inicial entre as partes logo de transformou em insultos mais sérios, e a polícia se colocou entre os dois grupos. A tensão continuou no Bulevar Strastnoi, onde a polícia teve de intervir novamente. Os chamados “patriotas” foram retirados da área ou, no caso de agressores, levados para camburões.

“Viemos para dizer ao nosso governo: ‘Parem, vejam o que estão fazendo’  e  ‘Acabem com essa guerra!’”

O incidente não afetou o número total de pessoas, contudo. De acordo com diferentes estimativas, estiveram presentes na manifestação entre 5 mil (segundo dados do Ministério do Interior da Federação Russa) e 100 mil pessoas (conforme contagem dos organizadores). Já a imprensa russa noticiou que 30 a 40 mil pessoas haviam participado da marcha proposta pela oposição.

Entre os organizadores constavam representantes de partidos pequenos e movimentos liberais que fazem oposição ao governo, como Iábloko, RPR-Parnas, Partido 5 de Dezembro, Partido do Progresso e Partido Escolha Democrática. Exceto o Iábloko, nenhum desses partidos tem representação no Parlamento e alguns não estão sequer registrados.

“Viemos para dizer ao nosso governo: ‘Parem, vejam o que estão fazendo’  e  ‘Acabem com essa guerra!’”, disse Serguêi Mitrókhin, líder do Iábloko. “Todos nós nos juntamos para dizer que somos contra a guerra, que somos contra um governo que desencadeia uma guerra. Somos pela paz!” Além de Mitrókhin, o também político da oposição Boris Nemtsov comandava outra coluna.

Ao lado deles caminhavam representantes da esquerda e nacionalistas russos. Os anarquistas empunhavam bandeiras negras, e havia outros participantes com bandeiras tricolores (preto, amarelo e branco) do Império Russo. Mas, acima de tudo, foram as bandeiras com as duas cores da Ucrânia – amarelo e azul – que coloriram a multidão. Aos símbolos ucranianos se misturavam bandeiras tricolores russas e viam-se também bandeiras de Geórgia, Polônia e União Europeia. Cartazes e faixas apelavam para a paz e acusavam as autoridades russas de crimes de guerra.

Cada um desses grupos tinha o seu próprio grito de ordem. Enquanto os anarquistas gritavam "Não ao  fascismo! Não ao capitalismo!", o Partido do Progresso apoiava o seu líder, Aleksêi Naválni, que já há vários meses se encontra em prisão domiciliar: "Naválni há de chegar e a ordem implantar!". Bem próximos, os representantes da oposição gritavam "Liberdade para os presos políticos!". Mas mais alto e ritmado que todos soava a voz geral da multidão quando gritava slogans antiguerra curtos e simples: "Precisamos de paz!", "Não à guerra!" e "A guerra com a Ucrânia é a vergonha do Kremlin".

Apesar do caráter heterogêneo, a marcha seguiu em duas colunas de ambos os lados do Anel dos Bulevares de Moscou e, durante quase todo o percurso, decorreu tranquilamente. Um dos poucos conflitos ao longo do trajeto eclodiu perto do local onde estavam ativistas LGBT. Um homem saltou da multidão para cima de um rapaz que trazia consigo a bandeira do arco-íris, mas foi prontamente contido por policiais.

Entre xingamentos a Pútin e gente pedindo perdão à Ucrânia, a marcha entrou na avenida Sákharov, local marcado para o fim da manifestação. Ali, um homem se pôs a tocar “Imagine”, de John Lennon, que ecoava pelas diversas caixas de som como um hino pela paz.

 

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