Moscou tenta emplacar imagem de paraíso gastronômico

Estima-se o dobro de estabelecimentos já em 2016 Foto: Antonio Fragoso

Estima-se o dobro de estabelecimentos já em 2016 Foto: Antonio Fragoso

Relatório elaborado pelas autoridades locais aponta falta de opções no mercado de alimentação em Moscou. Em comparação com outras grandes cidades, Moscou tem 1 restaurante para cada 1.570 pessoas, Londres possui um estabelecimento para cada 580 pessoas, e Tóquio um para 90 pessoas.

Para mudar a atual situação, a prefeitura propõe a criação de uma marca registada “cozinha moscovita”, além da inauguração de cafés e restaurantes de qualidade a fim de melhorar a imagem gastronômica da cidade.

Também estão sendo consideradas a abertura de uma rede fast food e de cafés itinerantes, o desenvolvimento de faculdades de culinária para formação de especialistas em alimentação pública e a criação de museus, teatros gastronômicos e festivais de cozinha russa.

O plano das autoridades prevê a abertura de um grande mercado atacadista, que será localizado na região de Nóvaia Moskva e onde serão vendidos produtos de fornecedores e fabricantes russos.

Além disso, a prefeitura propõe o lançamento de um serviço destinado aos turistas estrangeiros chamado de “refeições caseiras”. Trata-se de um do banco de dados com os moradores da cidade dispostos a convidar um estrangeiro tanto para provar comida caseira em sua casa, como para ensiná-lo alguns pratos tradicionais.

Levando em consideração a falta dos espaços disponíveis na capital russa, as autoridades pretendem usar lugares alternativos, como telhados de edifícios residenciais e de bibliotecas. “A prefeitura dará prioridade à abertura dos estabelecimentos ao lado das bibliotecas com grande número de visitantes no centro da cidade”, afirma Aleksandr Ivanov, vice-diretor do departamento de Comércio e Serviços da prefeitura.

A solução para o principal problema de falta de espaços disponíveis será reduzir em um quarto os preços de aluguel de todos os espaços municipais destinados à alimentação pública. Segundo Ivanov, as respectivas negociações com o departamento de Propriedade da cidade de Moscou já começaram.

“Não há muitas opções, porém temos lugares suficientes”, diz o administrador público. “Muitas vezes são leiloados os espaços comerciais de uso universal que serão alugados pelos bancos ou lojas, porque os pequenos cafés não conseguem ganhar a concorrência.”

Ivanov não excluiu a possibilidade de utilizar a experiência de estrangeiros, como Toronto e Londres, referente à criação de um conselho de alimentação pública será responsável pelo acompanhamento do plano de ação.

Arkádi Nóvikov, dono de restaurantes em Moscou e Londres, notou que as autoridades já tomaram medidas para agilizar o processo de autorização de abertura de novos restaurantes e espaços externos de verão, assim como de emissão das licenças para venda de bebidas alcoólicas. “Os obstáculos burocráticos diminuíram, e posso afirmar que muitos meus colegas querem abrir mais estabelecimentos e estão conseguindo fazê-lo", diz especialista.

As autoridades criaram uma base para futuro desenvolvimento, segundo Nóvikov, e agora oferecem certos privilégios para atrair os empresários. “Os donos não precisam ser especialistas em negócios, apenas um conhecimento na área alimentar é necessário para abrir um negócio de família, por exemplo. Esse conceito é muito popular no solo europeu e agora nós também podemos adotá-lo”, afirma.

O empresário, que já aproveitou as novas oportunidades para abrir quatro espaços de verão, defenda que a medida é benéfica para todos os lados. “As autoridades recebem impostos, e os moradores e visitantes da cidade, infraestrutura turística e comodidade. Acredito que em um ano já teremos bons resultados”, acrescenta Nóvikov.

Aleksêi Zimin, editor-chefe da revista “Aficha” e um dos fundadores do café Ragout, não se anima com o plano da prefeitura moscovita, já que para ele o novo conceito deveria ser elaborado levando em consideração a real situação do mercado. “As autoridades podem facilitar o processo de desenvolvimento, mas também podem retardá-lo por meio das inspeções intermináveis. Para que o setor de alimentação pública cresça, precisamos apoiar pequenos empreendimentos para que eles possam concorrer com as grandes redes”, defende o editor. “De outro lado, se as autoridades queiram que funcione certa quantidade de estabelecimentos prevista pelo plano, eles criarão condições para que os pequenos negócios não fechem suas portas.”

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