“Casar na Rússia é como ganhar uma medalha”

Foto: PhotoXpress

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Estrangeiros que casaram no país compartilham suas experiências e dizem ter algo do que se gabar entre os amigos.

“Os russos são uma nação muito feliz”, diz o britânico Michael Mohr, que se casou com uma russa em Moscou no mês passado. Na Inglaterra estaríamos sentados à mesa, comendo e conversando sobre o clima, mas vocês têm tantas danças e competições. Ali, um dos convidados colocou o vestido da noiva, e outro ficou contando piadas e brincando”, recorda Michael.

Segundo as estatísticas anunciadas em janeiro pela chefe do Serviço de Registro Civil de Moscou, Irina Muraviova, 14% dos casamentos de 2012 na capital foram celebrados com estrangeiros. No total, cidadãos vindos de 116 países registraram seus casamentos no país, sobretudo provenientes da Turquia, Alemanha, Israel, Estados Unidos, Reino Unido, Itália, Afeganistão e França.

Para alguns estrangeiros, o casamento na Rússia representa a possibilidade de resolver o problema de autorização para a residência, bem como obter uma licença de trabalho. Sacha Berko, um nativo da Moldávia, conta que quando iniciou o namoro com Anna, cruzava a fronteira a cada três meses devido à necessidade de estender o visto. Ele tentou cinco vezes obter uma permissão para residência temporária na Rússia, mas não conseguiu. Após a quinta tentativa, Berko desistiu e resolveu pedir Anna em casamento.

Quanto ao registo de casamento, não há problema de casar na Rússia. Os cidadãos de países que não necessitam de visto e que desejam casar-se na capital russa, podem se registrar em qualquer cartório de Moscou, enquanto que, os que necessitam de visto, devem se dirigir ao Palácio dos Casamentos n° 4, no norte da capital.

“Meu marido é árabe. Exigiram dele a certidão de nascimento, o passaporte com visto e permissão para permanecer no país. Ainda em seu país, Jamil teve que obter um certificado de que não possui nenhum impedimento para o casamento e que não era bígamo”, conta a economista Nástia Romalóvskaia, que se casou em abril de 2012. “Todo o pacote de documentos precisou ser traduzido para a língua russa, legalizado e certificado em cartório”, continua.

Ainda assim, é recomendável que os casais compareçam pessoalmente ao Palácio dos Casamentos n° 4 para se informar sobre os documentos necessários em seu caso, além de combinar individualmente os detalhes da cerimônia de casamento. “Existe uma orquestra no Palácio que toca música ao vivo e eles têm um repertório muito vasto”, diz Romalóvskaia. 

Cerimônia exótica

O casamento na Rússia é uma verdadeira aventura para muitos estrangeiros. Trata-se de uma chance de ter emoções fortes e se gabar sobre as experiências incomuns com os amigos.

“Para nós, todos os que fazem negócios com os russos e não têm medo de viver na Rússia por um longo tempo são pessoas bacanas. E casar aqui é como ganhar uma medalha”, admite o empresário búlgaro Ivailo Gotzev.

Jörg Brahman, cientista e físico alemão, concorda. Ele ainda lembra um fato curioso que o deixou bastante apreensivo durante o seu casamento. Quando estavam comemorando à mesa, um dos amigos de sua noiva brincou, dizendo que nenhum casamento russo é completo sem pancadaria. O alemão entendeu que isso era uma tradição e que realmente não escaparia dela. Brahman passou toda a noite sentado, nervoso, esperando o momento daquilo começar.

Depois de alguns brindes de “Bruderschaft” [brinde que se faz cruzando os braços sobre os de outra pessoa, onde as duas reconhecem a amizade], o alemão já estava pronto para iniciar a luta, só não sabia quando começar.  “Mas, por alguma razão, nada acabou acontecendo naquele dia”, lembra Brahman.

Existem também aqueles que viajam para a Rússia por uma benção. A economista Katia Korolkova casou-se com um equatoriano na Dinamarca, mas realizou a cerimônia religiosa na Rússia. “Nós dois somos católicos e vemos o casamento com seriedade, então, a cerimônia era obrigatória”, explicou.

“Meu marido, é claro, queria mais tradições russas e exóticas”, recorda Korolkova. “Mas eu não queria chocar os vários convidados estrangeiros”. A economista relembra que todos esperavam uma grande quantidade de vodca e que os russos bebessem muito, mas quem realmente esvaziou muitos copos foram os alemães.

“Os italianos ficaram surpresos por que dávamos pouca atenção à comida, tão valorizada em seus casamentos, e às vezes gritávamos ‘Gorko!’ [após essa exclamação é costume que os noivos se beijem – Nota do Editor], embora em seus casamentos os noivos se beijem a cada minuto. Os equatorianos, por sua vez, ficaram felizes: dançamos muito, e esse é prato principal do menu de seus casamentos”, finaliza Korolkova.

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