Tropas russas serão parcialmente retiradas da Síria

Militares na base russa de Hmeimim, na Síria

Militares na base russa de Hmeimim, na Síria

Maksim Blinov/RIA Nôvosti
Pútin anunciou nesta quinta (29) o cessar-fogo entre o governo e a oposição na Síria. Próximo passo agora será reduzir presença militar da Rússia na região, mas analistas advertem contra repetição dos acontecimentos em Palmira, retomada por terroristas.

Depois de garantir um cessar-fogo na Síria e lançar uma nova rodada de negociações de paz entre a oposição e o governo, o presidente Vladímir Pútin anunciou que a Rússia reduzirá sua presença militar no país.

Os especialistas preveem que o Ministério da Defesa russo reduzirá o número de combatentes, bombardeiros e equipes de engenharia de combate, e também poderá diminuir o número de navios navais posicionados perto da costa síria.

“As tropas russas atingiram grandes progressos na Síria e libertaram Aleppo, a segunda maior cidade do país”, diz Leonid Ivachov, coronel-geral aposentado e presidente do Centro Internacional de Análise Geopolítica.

Por isso, segundo o observador, a liderança russa decidiu reduzir suas forças no local para que os militares “possam fazer uma pausa do ano de hostilidades sangrentas”.

As tropas russas na Síria ajudaram a impedir a desintegração do país e puseram fim à cadeia de “revoluções de cores” tanto no Oriente Médio quanto no Norte da África, segundo afirmou o ministro russo da Defesa, Serguêi Choigu, na semana passada.

“Foram causados danos significativos aos grupos terroristas internacionais na Síria, sua propagação em toda a região foi reduzida e o apoio financeiro e logístico para as facções armadas foi interrompido”, disse Choigu.

Segundo o ministro, mais de mil cidades e aldeias da Síria aderiram ao cessar-fogo e cerca de 108 mil refugiados voltaram para suas casas.

O coronel-geral aposentado Leonid Ivachov adverte, no entanto, que a suspensão da operação militar pode ter um efeito negativo.

“Apenas um mês atrás, os militantes aproveitaram as pausas humanitárias e o cessar-fogo para se reagrupar e montar um contra-ataque”, alerta. “Como resultado, Palmira caiu em suas mãos de novo”, completa.

Caminho político

Na quinta-feira (29), Pútin anunciou que o governo sírio e a oposição armada na Síria haviam assinado três documentos, incluindo um acordo de cessar-fogo e um conjunto de medidas necessárias para monitorá-lo.

O presidente russo também convidou as partes em conflito e países capazes de influenciar a situação na Síria para conversações de paz no final de janeiro de 2017.

O Kremlin busca uma solução política para o problema e quer reduzir seu envolvimento militar no conflito ao mínimo possível, diz Pável Zolotarev, vice-diretor do Instituto para Estudos do Canadá e dos EUA em Moscou.

“É fácil se envolver em tais conflitos, mas é difícil se livrar deles”, afirma Zolotarev. “A liderança russa não quer repetir os erros cometidos pelos EUA no Iraque e no Afeganistão, portanto, precisamos limitar nossa atividade [na Síria] e nos orgulhar, se não pela vitória total, pelo menos pelos objetivos alcançados.”

No entanto, Zolotarev acredita que a guerra contra o Estado Islâmico e a Frente al-Nusra está longe de terminar. “Não temos como evitar futuras batalhas contra eles”, prevê.

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