Resolução da ONU sobre Aleppo impõe novos desafios

Votação ne sede da ONU em Nova York terminou em consenso sobre missão humanitária à Síria

Votação ne sede da ONU em Nova York terminou em consenso sobre missão humanitária à Síria

Reuters
Garantia de segurança para missão das Nações Unidas é principal obstáculo para sucesso de ações. Especialistas debatem como medida influencia relações Ocidente-Rússia.

O Conselho de Segurança da ONU aprovou por unanimidade uma resolução franco-russa que determina como a missão humanitária será conduzida na cidade síria de Aleppo após sua retomada dos rebeldes por forças leais ao líder sírio Bashar al-Assad.

Nas palavras do representante permanente da França nas Nações Unidas, François Delattre, o projeto, adotado na última segunda-feira (19), baseia-se em três pontos: evacuação de civis conforme o direito internacional humanitário; acesso pleno da missão humanitária da ONU à cidade recapturada; e garantia de segurança para a equipe médica durante os trabalhos em Aleppo.

A missão será composta por mais de 100 funcionários das Nações Unidas, bem como representantes do Comitê Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho Árabe Sírio.

Ao final da sessão, a representante permanente dos EUA na ONU, Samantha Power, afirmou que as ações deveriam ser tomadas de imediato uma vez que os moradores de Aleppo estão passando fome e frio e “foram deixados ao léu” por causa do conflito.

Segurança para ONU

O editor-chefe da revista “Russia in Global Affairs”, Fiódor Lukianov, saudou os diplomatas da ONU por terem, enfim, entre em um consenso para resolver o problema humanitário “sem subtextos políticos” no documento. “A única questão que resta é como todos os esforços serão realizados na prática”, disse Lukianov à Gazeta Russa.

Segundo Lukianov, por enquanto, o principal problema da resolução é que não fica claro quem será responsável por garantir a segurança da missão da ONU na Síria.

Se as Nações Unidos pretendem avançar com tais objetivos, será preciso preparar um contingente militar e contratar especialistas para a missão, destaca o vice-diretor do

Instituto de Países da CEI, Vladímir Ievseiev.

“Agora parece que toda a responsabilidade pelas vidas dos funcionários da ONU cai sobre os ombros dos exércitos russo e sírio”, diz Ievseiev, antes de acrescentar que a missão humanitária deve se preparar para “provocações de militantes” em Aleppo.

No último dia 19 de setembro, um comboio humanitário que transportava alimentos e suprimentos para os subúrbios no leste de Aleppo, então dominado por rebeldes, foi destruído por ataques aéreos. Na ocasião, o Ocidente culpou as forças russas, embora Moscou tenha negado responsabilidade sobre o incidente.

Washington insistiu que o governo sírio e seus aliados estavam realizando ataques “indiscriminados”, e diversos meios de comunicação não russos citaram fontes não identificadas no governo dos EUA que afirmaram que dois bombardeiros Su-24 russos estavam no ar naquele momento e teriam provavelmente atingido o comboio.

Reconciliação à vista?

Lukianov acredita que o acordo em si terá pouco efeito sobre as relações entre a Rússia e o Ocidente e também acerca de uma potencial cooperação na Síria. “As relações vão mudar junto com as mudanças ‘no terreno’”, sugere.

“A organização de uma nova missão da ONU em Aleppo era uma questão de rotina, no entanto, será mais fácil adotar resoluções humanitárias, já que os diplomatas ainda não podem usar esses assuntos para obter vantagens político-militares na Síria.”

Começo do fim

Especialistas afirmam que o próximo alvo de atividades militares pesadas na Síria será a província de Idlib, para a qual mais de 30 mil rebeldes e suas famílias seguiram por meio do corredor humanitário, após a retomada de Aleppo pelas forças oficiais.

“Ainda não está totalmente claro o que deve ser feito com a oposição armada que foi para Idlib. Levando em conta que levaram suas famílias, existem em torno de 100 mil pessoas lá agora”, diz Ievseiev.

Para o vice-diretor do Instituto da CDI, o Exército sírio iniciará, com apoio da força aérea russa, uma ofensiva na região e tentará cercar os rebeldes, retomando a parte ocidental da província de Aleppo, e porção norte das províncias de Hama e Latakia.

As atividades de combate nesta área durarão até meados de 2017, quando os exércitos russo e sírio se voltarão para a frente oriental – as cidades de Raqqa e Deir ez-Zor.

“Espero que a gente dê início a uma cooperação ativa com os EUA nessa região e, assim, a guerra na Síria não vai durar mais de um ano”, conclui.

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