Em meio a acusações, países revalidam cessar-fogo na Síria

Intermediada pela Rússia e pelos EUA, trégua na Síria está em seu quarto dia

Intermediada pela Rússia e pelos EUA, trégua na Síria está em seu quarto dia

Reuters
Apesar das supostas violações, países anunciaram que não se envolverão em debates públicos sobre o tema. Novos casos poderão desencadear Plano B, alerta governo saudita.

Após a troca de acusações provenientes de diferentes lados, autoridades da Rússia e dos Estados Unidos garantiram que a trégua iniciada no sábado (27) continuará em efeito e que o processo de verificação sobre possíveis violações já foi acertado entre os países.

“O processo está em andamento”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmítri Peskov, em entrevista na segunda-feira (29).

Paralelamente, o secretário de Estado dos EUA John Kerry declarou que os países não estão dispostos “a contestar publicamente” cada violação, uma vez que especialistas russos e norte-americanos posicionados em Genebra e Amã estariam engajados na avaliação dessas informações.

Citando conversas com o chanceler russo Serguêi Lavrov, Kerry disse ainda haver um consenso de que, em vez de criar discussões públicas nos meios de comunicação, serão tomadas medidas no sentido de eliminar quaisquer instâncias.

“Vamos rastrear cada suposta violação e trabalhar ainda mais para pôr em prática um modelo que nos ajude a garantir que as missões são realmente contra al-Nusra ou Daesh [Estado Islâmico]”, disse o diplomata norte-americano.

Um grupo de trabalho especial cuja finalidade é brecar as hostilidades na Síria se reuniu na segunda-feira (29) e irá realizar reuniões regularmente, acrescentou Kerry.

Violações

No sábado passado (27), a aviação russa interrompeu por completo os ataques contra áreas e grupos armados envolvidos no processo de cessar-fogo, informou o militar do Estado-Maior russo Serguêi Rudskoi.

No entanto, o chefe do centro de coordenação do cessar-fogo da Rússia na Síria Serguêi Kurilenko acrescentou que “isso não significa que os militantes do EI e da al-Nusra podem suspirar de alívio”. Ambos os grupos, assim como as outras formações listadas pela ONU como terroristas, não são cobertos pela medida, ressaltou.

A Rússia registrou “nove casos de violações da cessação das hostilidades”, de acordo com o Ministério da Defesa, em ataques perpetrados pela chamada oposição moderada. Bombardeios provenientes do território turco também foram registrados.

A oposição síria, por sua vez, relatou mais de 15 violações do cessar-fogo cometidas pelas tropas do governo de Damasco e seus aliados. As acusações foram reverberadas pelo Ministério das Relações Exteriores francês, que propôs então a convocação de uma sessão da força-tarefa de cessar-fogo na Síria.

Sauditas e o plano B

As acusações mais severas partiram, porém, do chanceler saudita Adel Al-Jubeir, que acusou abertamente as aviações síria e russa de romper o cessar-fogo. Segundo ele, o governo de Riad estaria discutindo a questão com outros países, inclusive a adoção de um “plano B” caso novas violações venham à tona.

Embora Al-Jubeir não tenha revelado quaisquer detalhes do plano alternativo, Kerry também já havia ameaçado recorrer a outras iniciativas se o cessar-fogo viesse a fracassar.

“Moscou pediu a todos que tenham cautela e cuidado extra ao acusar alguém de romper o cessar-fogo. A situação permanece volátil. Só podemos repetir o apelo, mais uma vez”, advertiu Peskov.

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