EUA driblam próprias sanções para comprar fuzis Kalashnikov

Características da AK-47 são adequadas às condições climáticas no Afeganistão

Características da AK-47 são adequadas às condições climáticas no Afeganistão

Getty Images
Modelos recauchutados ou piratas são adquiridos no Leste Europeu para fornecimento ao Exército afegão.

Apesar das sanções e da proibição da cooperação com a indústria russa de defesa, o Pentágono está adquirindo fuzis de assalto Kalashnikov para armar o Exército Nacional Afegão. A informação foi divulgada por Serguêi Tchemezov, diretor da corporação estatal de defesa Rostec.

“Os norte-americanos não estão comprando armas diretamente da Rússia, mas por meio de países do antigo Pacto de Varsóvia”, disse Tchemezov, em entrevista ao canal de TV Rossiya 24 na terça-feira (14).

A maioria dos Kalashnikovs comprados pelos Estados Unidos seriam armas velhas que estão em depósitos em países da Europa Oriental desde os tempos soviéticos. “Hoje, essas armas são, em certa medida, modernizadas e depois vendidas ao governo do Afeganistão”, acrescentou o diretor da Rostec.

Made in Polônia e Bulgária

Especialistas apontam que os exemplares adquiridos pelos EUA não são apenas armas antigas, mas também novas fabricadas sob licença na Polônia e na Bulgária.

“Os americanos estão fornecendo ao Afeganistão rifles automáticos AK-47 de calibre 7.62х39 mm de fábricas e depósitos na Polônia e Bulgária, que compraram da Ijmash uma licença para a produção dos rifles ainda na época soviética”, explica o analista militar do jornal “Izvêstia”, Dmítri Safonov.

Segundo ele, o Pentágono também poderia ter feito encomendas de origem ucraniana (modelos AK-47 de calibre 5,45x39 mm) para o Exército afegão.

A preferência dos EUA pelo rifle de assalto russo se deve a suas características em meio às condições no Afeganistão. “O exército local usa Kalashnikovs há décadas porque funcionam perfeitamente nos desertos pedregosos e regiões áridas”, diz.

Os norte-americanos já tentaram oferecer ao Exército afegão armas próprias como AR15 e M16, mas os modelos apresentaram se mostraram de mais difícil manuseio e temperamentais em comparação com o AK-47, segundo Andrêi Kirisenko, ex-conselheiro do diretor-geral do Consórcio Kalashnikov.

“A escolha é, em grande parte, feita segundo critério da confiabilidade – o Pentágono perdeu a maioria de seus soldados no Afeganistão por falhas nas armas durante os disparos. Foi uma publicidade negativa, portanto, acabou sendo impossível para eles equipar totalmente os afegãos com armas americanas”, diz Kirisenko.

Versão pirata

Como os EUA financiam o governo afegão, a Rússia não pode organizar de forma independente fornecimentos de armas para o país.

“O único problema é que, desde a queda da URSS, o Consórcio Kalashnikov e a Rostec não receberam royalties da Polônia ou da Bulgária para o fornecimento de rifles de assalto. Eles [os países] não consideram necessário”, diz Safonov.

As empresas russas lutam há anos solucionar essa pendência, mas sem resultado. “Assim, o que os países do Leste Europeu estão fazendo são Kalashnikovs piratas.”

“O único país que paga royalties para o fornecimento de rifles automáticos Kalashnikov aos mercados estrangeiros é a China. Quanto aos outros, a questão permanece sem solução”, conclui Safonov.

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