EUA sancionam 34 enquanto UE prolonga medidas

Segundo diplomacia norte-americana, empresários dos EUA e da UE devem "jogar pelas mesmas regras".

Segundo diplomacia norte-americana, empresários dos EUA e da UE devem "jogar pelas mesmas regras".

Getty Images
Norte-americanos explicam novas sanções como "harmonização" com europeus.

Na última terça-feira (23), os Estados Unidos anunciaram a ampliação de sua lista sanções à Rússia - incluindo 34 novas pessoas físicas e jurídicas -, e a União Europeia, que prolongará até 2016 suas medidas contra o país.

O assessor de imprensa da embaixada norte-americana em Moscou, Will Stevens, explicou que a ampliação tem em vista a "harmonização" das agendas dos EUA e da UE.

"Com as medidas tomadas hoje [terça-feira, 23 de dezembro], incluímos na lista uma série de pessoas físicas e jurídicas que já estavam listados no rol de sancionados pela UE", disse Stevens à agência de notícias Interfax.

"Demos esse passo para harmonizar ainda mais essas nossas listas", disse.

O porta-voz da diplomacia norte-americana ainda afirmou que tal harmonização refere-se a "prover uma situação na qual os empresários dos EUA e da UE jogam pelas mesmas regras". "A harmonização de nossas listas de sanções diminui o fardo do setor privado."

Na mira

Entre as novas empresas listadas, estão as filiais do banco VTB na África, Cazaquistão, Armênia, Áustria, Bielorrússia e Ucrânia; filiais do Sberbank na Bielorrússia, Ucrânia, Cazaquistão e Suíça, além do Sberbank Europe.

Os fundos de pensão não estatais dos dois bancos também foram incluídos, além do sistema de pagamentos eletrônicos Yandex.Dengui (um equivalente local ao PayPal) e do Novikombank, instituição financeira de apoio da corporação estatal de produção de alta tecnologia militar e civil Rostekha.

O Sberbank anunciou à agência Tass que a inclusão de companhias controladas pelo grupo não afetam de maneira nenhuma o volume e a força jurídica das sanções já adotadas.

"O objetivo das medidas é fechar pequenas possibilidades de saída formal das sanções. Mas não se espera nenhuma consequência significativa no sistema bancário", diz o economista Serguêi Khestanov. Para ele, a ampliação é uma medida meramente formal.

União Europeia

Ainda na terça-feira, antes das medidas norte-americanas, a União Europeia já havia anunciado um prolongamento das sanções contra a Rússia até agosto de 2016.

A motivação, de acordo com comunicado divulgado pela UE, seria o não cumprimento dos Acordos de Minsk para resolução dos conflitos na Ucrânia.

O prazo para implementação das medidas requeridas pelo acordo se encerra em 31 de dezembro de 2015.

Moscou, por sua vez, replicou que a realização do acordo Minsk-2 não depende da Rússia e, portanto, o prolongamento seria "artificial" e "sem fundamento".

Apesar de nem todos os países da União Europeia serem a favor das sanções, a decisão por seu prolongamento foi unânime.

"No início de dezembro, a Itália tentou iniciar uma discussão sobre isso, impedindo o prolongamento automático e exigindo uma discussão política", explica o economista da Academia de Ciências da Rússia, Serguêi Útkin.  

Anteriormente, França, Alemanha, Grécia e República Tcheca já haviam expressado a necessidade de levantar as restrições.

Em novembro de 2014, o chanceler austríaco Werner Faymann também se colocou contra as sanções, ressaltando seus efeitos nocivos à economia.

Para outros europeus, porém, o assunto vai além da economia. "Os Bálticos consideram a crítica sobre a atuação russa no leste da Ucrânia como uma questão de vida ou morte. Eles acreditam que isso possa fortalecer sua segurança e posição na Europa. E foram eles que tomaram o golpe mais forte com as contrassanções russas", explica Útkin.

Quem mais perde com as sanções?

Dmítri Abzalov, presidente do Centro de Comunicações Estratégicas França, Alemanha, Reino Unido e Itália são os países que mais perdem com as sanções contra os setores petrolífero e financeiro da Rússia.

O setor financeiro foi o que mais sofreu, já que uma série de países europeus via grandes perspectivas para o mercado russo.

As sanções dificultaram o trabalho de bancos e com filiais russas: esse problema afetou bancos como o Raiffaisen e o Rosbank (sob controle da Societe General).

Companhias russas deixaram de entrar em mercados estrangeiros. Até a introdução das sanções, Reino Unido e a bolsa londrina eram os principais mercados para os russos.

Além disso, com as sanções, o setor corporativo russo deixou de ter acesso a crédito ocidental. Como consequência, a dívida externa corporativa caiu pela metade. E, já que os empréstimos corporativos russos podiam ser prolongados e renegociados, os bancos europeus ganhariam novas taxas - essas perdas estão na casa das dezenas de bilhões de euros.

Também perdemos nossos principais credores: Alemanha, França e Itália, que também investiam ativamente no campo da produção agrícola.

Confira outros destaques da Gazeta Russa na nossa página no Facebook

Todos os direitos reservados por Rossiyskaya Gazeta.

Este site utiliza cookies. Clique aqui para saber mais.

Aceitar cookies