​Merkel e Pútin estão prontos para o compromisso?

Encontro do G-20 em Hamburgo, na Alemanha, incentivou visita de Merkel à Rússia.

Encontro do G-20 em Hamburgo, na Alemanha, incentivou visita de Merkel à Rússia.

DPA/Global Look Press
Chanceler alemã e presidente russo se encontraram em Sôtchi na terça-feira (2).

O encontro da chanceler alemã Angela Merkel com o presidente russo Vladímir Pútin na terça-feira (2), em Sôtchi, na Rússia, foi justificado oficialmente pelo porta-voz do governo alemão como relacionado às preparações para a cúpula do G-20, que ocorrerá em Hamburg, na Alemanha, em julho.

As negociações entre os dois líderes foram realizadas na residência de recepção de verão do presidente russo no balneário de Sôtchi, quebrando um jejum de quase dois anos da última visita ao país pela chanceler ao país, que esteve presente às celebrações do Dia da Vitória em 10 de maio de 2015.

A visita de Merkel à Rússia demonstra que sua abordagem quanto a Moscou se alterou, segundo o chefe do Centro de Estudos Germânicos do Instituto da Europa da Academia de Ciências da Rússia, Vladisláv Belóv.

“Na Conferência de Segurança de Munique, em fevereiro deste ano, Angela Merkel anunciou que é preciso parar de se concontrar nos problemas existentes e buscar pontos de contato. Depois de ouvir essa frase, Pútin a convidou a visitar a Rússia”, diz Belóv.

Merkel desembarca no balneário de Sôtchi na terça-feira (2). / Foto: DPA/Global Look PressMerkel desembarca no balneário de Sôtchi na terça-feira (2). / Foto: DPA/Global Look Press

A chanceler aceitou o convite apesar de suas declarações anteriores de que não voltaria à Rússia enquanto não houvesse progresso nas questões síria e ucraniana.

Esses pontos foram debatidos em Sôtchi, assim como as relações entre Rússia e Otan e a política externa dos EUA com Donald Trump, de acordo com Belóv.

Um desfecho dessas questões é totalmente possível para ambos os líderes, que já destacaram isso, de acordo com o pesquisador. O grau de dificuldade desses problemas, porém, não permite que se firme um compromisso antes disso, diz.

As declarações dadas ao final do encontro não trouxeram novidades. Quanto à Ucrânia, Pútin e Merkel reafirmaram a inexistência de alternativas aos Acordos de Mínski e ao formato da Normandia.

Sobre a Síria, Pútin apontou para a necessidade de uma resolução política do conflito, enquanto Merkel declarou mais uma vez a importância de um cessar-fogo à guerra que já se estende por mais de seis anos destruindo o país.

A cooperação bilateral econômica também foi discutida, e Pútin notou que a balança entre os países nos dois primeiros meses deste ano subiu 43%.

G-20 trilhando caminho de Merkel

A firmeza de Berlim em encontrar respostas a questões mais complicadas na agenda de Moscou com o Ocidente estaria, segundo Belóv, relacionada ao ímpeto de Merkel em realizar uma cúpula do G20 eficaz.

Especialista em relações russo-germânicas da Academia Presidencial Russa de Economia Nacional e Administração Pública, Tatiana Ilarionova também concorda sobre o grau de importância da cúpula para a chanceler alemã.

Visita de um dia ocorre após chanceler alemã se distanciar por quase dois anos do país. / Foto: DPA/Global Look PressVisita de um dia ocorre após chanceler alemã se distanciar por quase dois anos do país. / Foto: DPA/Global Look Press

“A agenda do futuro encontro em Hamburgo e a das negociações em Sôtchi coincide em muitos pontos, como os problemas da Ucrânia, da Síria e as relações entre a Rússia e o Ocidente. O que interessa a Merkel é, principalmente, que ela será a chefe da cúpula, e isso guia todos os passos da chanceler na atualidade”, disse Ilarionova à Gazeta Russa.

Ao mesmo tempo, dificilmente a cúpula trará alguma reviravolta, de acordo com a especialista.

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