Pútin e Erdogan restabelecem relações em Moscou

Presidente russo relembrou férias na Turquia nos anos 1990 durante encontro.

Presidente russo relembrou férias na Turquia nos anos 1990 durante encontro.

Reuters
Presidentes da Rússia e da Turquia também trataram da questão síria em encontro na sexta-feira (10).

"Reiniciamos um intenso diálogo político e novos mecanismos de cooperação bilateral entraram em funcionamento”, declarou o presidente russo Vladímir Pútin na última sexta-feira (10), após o encontro com seu homólogo turco, Recep Tayyip Erdogan, em Moscou.

"Acredito que em nossas declarações oficiais possamos evitar as palavras 'normalização das relações', porque acreditamos que já ultrapassamos essa fase", declarou o presidente turco.

As relações entre os dois países entraram em crise profunda em novembro de 2015, quando as Forças Aéreas turcas abateram um bombardeiro russo Su-24 perto da fronteira entre a Síria e a Turquia. No entanto, em meados do ano passado, por iniciativa da Turquia, foi iniciado o processo de normalização das relações entre Ancara e Moscou.

Durante o encontro, Pútin prometeu retirar a proibição de trabalho para empresas de construção turcas em território russo e liberar o regime de vistos com a Turquia, introduzido pouco depois do incidente com o avião militar russo.

O presidente russo disse ainda que a Turquia continuará a ser um importante destino turístico para os russos. “As viagens para Turquia são uma parte importante de nossas vidas nos últimos anos", disse.

Pútin, inesperadamente, afirmou também ter passado férias na Turquia nos anos 1990, antes de mudar para Moscou. "Tenho apenas boas lembranças dessa viagem", disse.

Os líderes também reiteraram a vontade de realizar grandes projetos econômicos bilaterais. De acordo com Pútin, a segunda maior petrolífera russa, a Gazprom, está pronta para iniciar a construção do gasoduto Turkish Stream através do Mar Negro, e a Rosatom construirá a usina Akkuyu na Turquia.

Além disso, Moscou e Ancara concordaram em criar um fundo de investimentos conjunto de até US$ 1 bilhão.

Questão curda

O porta-voz do presidente russo, Dmítri Peskov, declarou que durante a reunião do Conselho de Segurança da Rússia, realizada no Kremlin após a encontro entre Pútin e Erdogan, que "houve uma troca de opiniões sobre a resolução da crise síria que levou em conta os resultados das negociações com a Turquia".

Após as negociações, Erdogan fez uma declaração sobre os curdos que não foi comentada pela parte russa. O líder turco disse que as organizações curdas, que Ancara considera como terroristas, devem cessar sua atividade na Rússia.

No ano passado, a primeira embaixada do Curdistão Sírio foi aberta na Rússia.

Segundo o diretor do Centro de Estudos do Oriente Médio e da Ásia Central, Semión Bagdassárov, ficou claro o que Erdogan quer. "Os curdos sírios são desconfortáveis para ele, uma vez que ele mantêm em rédeas curtas os curdos da Turquia, que são separatistas", disse.

“Os curdos sírios têm uma forte representação política e formações militares altamente treinadas”, completou.

Para ele, Moscou deve ignorar as exigências de Ancara e continuar a apoiar os curdos. “Se a Rússia ‘trocar’ o apoio aos curdos sírios pelo gasoduto e a usina nuclear, sua imagem pode ser prejudicada”, disse o especialista.

De acordo com a professora do departamento de Estudos Orientais do Instituto Estatal de Moscou de Relações Internacionais, Irina Zviáguelskaia, a Rússia não pretende abandonar sua posição e insiste em que os curdos devem estar representados nas negociações de Genebra como uma força política independente.

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