Moscou propõe via diplomática para conter Pyongyang

Imagem registra momento em que míssil Pukguskong-2 parte de base na Coreia do Norte

Imagem registra momento em que míssil Pukguskong-2 parte de base na Coreia do Norte

Reuters
Embora atuais mísseis norte-coreanos não representem perigo concreto, especialistas alertam para possibilidade de implantação de componentes nucleares no futuro.

O porta-voz do Kremlin, Dmítri Peskov, declarou que a Rússia, a China e o Japão estão “seriamente preocupados” depois de a Coreia do Norte lançar quatro mísseis de especificações desconhecidas e que caíram a 320 km da costa japonesa. Segundo ele, os três países pretendem se sentar à mesa de negociações para debater a questão.

“Eles [os lançamentos] aumentam a tensão na região; apelamos a todas as partes para que mostrem contenção e estejam prontas para negociar com todos os países interessados ​​em resolver esse problema”, disse Peskov, citado pelo jornal russo “Kommersant”.

Especialistas acreditam, porém, que Moscou não implantará contingentes militares adicionais na região nem fortalecerá seu sistema de defesa antimíssil, embora a região russa de Primorski esteja situada na fronteira com a Coreia do Norte.

“Não assumiremos medidas hostis unilaterais; em vez disso, nos centraremos em iniciativas diplomáticas no âmbito do Conselho de Segurança da ONU, e, muito provavelmente, isso resultará em novas sanções que limitem os fornecimentos à Coreia do Norte e ao fechamento de suas contas bancárias no exterior”, prevê Vassíli Kachin, pesquisador sênior no departamento de economia e política mundial do Centro de Estudos Europeus e Internacionais.

Cidadãos em Seul, na Coreia do Sul, assistem a noticiário sobre lançamento de míssil pelos vizinhos ao norte (Foto: Reuters)Cidadãos em Seul, na Coreia do Sul, assistem a noticiário sobre lançamento de míssil pelos vizinhos ao norte (Foto: Reuters)

Ameaça nuclear

Segundo o analista militar da agência TASS, Víktor Litóvkin, os projéteis lançados pela Coreia do Norte foram mísseis de médio alcance (entre 480 e 960 quilômetros).

“Eles são baseados no míssil soviético R-17 (SS-1c Scud B, na classificação dos EUA e da Otan), que remonta ao final dos anos 1950”, disse Litóvkin, acrescentando ter dúvidas sobre as capacidades do novo míssil, porque “os projetistas não conseguiram programar os mísseis para voar ao longo de uma trajetória definida”.

“É óbvio que esses não são os testes finais, e os cientistas trabalharão em um sistema de navegação. (...) Até agora, os mísseis caíram na área que foi possível alcançar considerando o combustível existente”, continua.

Outros especialistas do setor, no entanto, estão mais preocupados com a possibilidade de equipar os mísseis com ogivas nucleares.

Líder norte-coreano Kim Jong Un comanda disparo de míssil diretamente da base (Foto: Reuters)Líder norte-coreano Kim Jong Un comanda disparo de míssil diretamente da base (Foto: Reuters)

“A Rússia, os EUA e a China não sabem com certeza até que ponto Pyongyang avançou no desenvolvimento de armas nucleares e se a ogiva é tão tecnologicamente desenvolvida quanto o míssil que o acompanha”, sugere o coronel aposentado Leonid Ivachov, chefe do Centro Internacional de Análise Geopolítica. “Isso representa uma ameaça não só para a Coreia do Sul, mas para toda a região.”

Para os analistas, mesmo que a Coreia do Norte não desenvolva uma ogiva nuclear completa para instalação em um projétil ou uma aeronave, o país teria chance de criar um dispositivo explosivo nuclear capaz de detonação em qualquer fase do voo.

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