Sul-americanos repudiam assassinato de diplomata na Turquia

"Estávamos despreparados. EUA estão prontos para repelir qualquer um que queira explodir seus diplomatas a qualquer momento", diz especialista.

"Estávamos despreparados. EUA estão prontos para repelir qualquer um que queira explodir seus diplomatas a qualquer momento", diz especialista.

AP
Na Rússia, cidadãos expressam preocupação com segurança no país, e especialista chama a atenção para a necessidade de Moscou seguir exemplo de Washington na aplicação de medidas de segurança máxima com seus diplomatas no Oriente Médio.

Diversos países sul americanos condenaram o assassinato do embaixador russo na Turquia, Andrêi Karlov, ocorrido na última segunda-feira (19).

O Ministério das Relações Exteriores do Brasil, por exemplo, emitiu nota à imprensa.

"O governo brasileiro expressa sua consternação e condena, nos mais fortes termos, o assassinato do embaixador da Rússia na Turquia, Andrey Gennadyevich Karlov. Ao manifestar condolências e solidariedade aos familiares da vítima, ao povo e ao governo da Federação da Rússia, o governo brasileiro reitera seu veemente repúdio a todas as formas de terrorismo, qualquer que seja sua motivação", lê-se no documento.

A chefe da pasta análoga argentina, Suzanna Malcorra também fez declarações a respeito. "Condeno o assassinato do embaixador russo Karlov na Turquia e presto condolências a familiares, amigos e colegas", disse Malcorra.

Já a chefe da pasta colombiana, María Holguín, afirmou que o país "condena fortemente esse novo ato terrorista". "Nos últimos tempos, a Turquia se tornou vítima de uma série de ataques terroristas. O mundo contemporâneo chegou a tal ponto que já não restam locais seguros, em qualquer lugar da Terra pode acontecer tudo", disse Holguín em coletiva de imprensa conjunta com o chanceler francês Jean-Marc Ayrault, que se encontra em visita oficial à Colômbia.

O ministério chileno chamou o assassinato de "atrocidade" em comunicado. "O governo chileno sempre repudiou qualquer ato de terrorismo", lê-se no documento, em que se diz ainda que o assassinato "colocou em luto todo o mundo diplomático".

O representante da Venezuela na ONU, Rafael Ramirez, também fez pronunciamento sobre o ocorrido. "Repudiamos o vil assassinato do embaixador da Rússia na Turquia", disse ele. Ramirez também clamou que se "termine com a propaganda de ódio à Rússia", que, segundo ele, é conduzida injustamente por alguns veículos de imprensa e políticos.

Reação interna

O assassinato de Karlov, executado pelo ex-policial turco Mevlut Mert Altintas, 22, de acordo com as autoridades do país, levantou questões nos russos sobre sua segurança no país. Karlov fazia um discurso em uma exposição fotográfica em Ancara quando foi atingido por tiros nas costas.

A Rússia não tem uma experiência semelhante há 90 anos, desde que o plenipotenciário Vatslav Vorovsky foi assassinado, em 1923, por um oficial do Exército Branco na Suíça.

 O presidente russo, Vladímir Pútin, fez declaração oficial logo após o ocorrido, prestando condolências à família e amigos do diplomata. Pútin conhecia Karlov pessoalmente e o definiu como um "diplomata excelente" e uma "pessoa boa e afável".

 O assassinato ocorreu na véspera do encontro trilateral entre os ministros dos negócios estrangeiros da Rússia, da Turquia e do Irã. Pútin classificou o ato terrorista como uma provocação com o objetivo de minar a melhora das relações russo-turcas.

"A resposta só poderá vir no reforço da luta contra o terror. E os bandidos sentirão isso", prometeu o líder russo.

Muitos oficiais estão questionando: como foi possível que Mevlut Altintas entrasse no edifício que abrigava a exposição, na presença de embaixadores estrangeiros, tão facilmente?

"O assassino de Karlov foi demitido da polícia após a tentativa de golpe em 15 de julho, mas manteve sua identificação policial. Como isso foi possível?", escreveu o diretor do Comitê do Conselho da Federação para Assuntos Internacionais, senador Konstantin Kossatchov em sua página no Facebook.

Até o assassinato ser explicado, Kossatchok recomendou que os russos evitem ir à Turquia.

Mas a pesquisadora especializada em Oriente Médio e jornalista Marianna Belenkaia acredita que a falha não foi só da segurança turca.

"Estávamos despreparados", diz ela, acrescentando que muitos no Oriente Médio desprezam a Rússia por suas ações, principalmente na Síria.

Para Belenkaia, a Rússia deveria seguir o exemplo dos Estados Unidos, que toma medidas de segurança "sem precedentes" para seus diplomatas na região, e estão assim "preparados caso alguém se aproxime para explodi-los a qualquer momento".

O aumento nas medidas de segurança é o preço que se paga por uma política ativa na região, diz. E o assassinato de Karlov é um sinal de que isso deve ser feito o quanto antes.

Com o jornal Rossiyskaya Gazeta.

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