Rússia e Japão avaliam ‘coresidência’ para moradores das Curilas do Sul

Pútin (esq) e Abe durante encontro em Nagaro

Pútin (esq) e Abe durante encontro em Nagaro

Mikhail Klimentiev/RIA Nôvosti
Ilhas no extremo oriente são alvo de disputa entre os países desde o fim da Segunda Guerra. Pútin também sugeriu isenção de visto entre região russa e japonesa.

O presidente russo Vladímir Pútin e o primeiro-ministro japonês Shinzo Abe elaboraram uma nova abordagem para resolver a disputa territorial das ilhas Curilas do Sul, após uma cúpula de dois dias em Nagato, cidade natal de Abe.

O projeto é implementar um novo regime econômico que permita tanto cidadãos russos como japoneses a viverem nas ilhas Curilas do Sul.

Segundo Pútin, os planos têm, por essência, criar um “regime econômico especial” e, assim, o brecar o que chamou de “pingue-pongue histórico” sobre o destino da região.

“Seria ingênuo acreditar que podemos resolver [a disputa territorial] da noite para o dia, mas é preciso buscar uma solução que atenda os interesses estratégicos da Rússia e do Japão e que seja aceitável por pessoas de ambos os países”, disse Pútin.

O presidente russo destacou ainda que a ausência de um tratado de paz entre Moscou e Tóquio era “um anacronismo do passado” e que as ilhas Curilas do Sul devem contribuir para aproximar os dois países.

Isenção de vistos

Os líderes revelaram alguns elementos desse futuro regime durante uma coletiva de imprensa ao término da cúpula de dois dias, em Tóquio.

A proposta é que o regime seja implementado em todas as ilhas envolvidas na disputa – Iturup, Kunashir, Shikotan e arquipélago de Habomai – e, possivelmente, permitirá que cidadãos de ambos os países vivam nas ilhas.

“Gostaria que aqueles que viveram nas ilhas antes e aqueles que vivem nelas agora desenvolvam uma cooperação baseada na confiança, para que possam viver juntos e trabalhar e pensar sobre o futuro dessas ilhas”, disse Abe.

Pútin sugeriu a introdução de um regime de isenção de vistos entre a região russa de Sacalina e o município japonês de Hokkaido. As partes também discutiram a extensão do regime de isenção entre Hokkaido e as Curilas do Sul, que são sobretudo usadas por ex-moradores japoneses das ilhas para homenagear seus antepassados.

“Concordamos em fazer de tudo para garantir livre acesso, mesmo aquelas áreas que eram previamente fechadas para eles”, declarou o presidente russo.

Revival militar

No primeiro do encontro no Japão, as partes discutiram sobre um tratado de paz da época da Segunda Guerra Mundial e o potencial ressurgimento dos contatos militares.

“Hoje foi acordado que deveríamos restaurar alguns mecanismos do nosso diálogo bilateral, que nos últimos anos foram congelados, quero dizer, incluindo os contatos entre os militares”, disse o ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Serguêi Lavrov.

Além de questões bilaterais, Pútin e Abe conversaram sobre as relações internacionais, incluindo a situação na Síria e na Ucrânia, e concordaram com a necessidade de se colocar em prática os acordos de Minsk.

As partes discutiram ainda questões de segurança na região Ásia-Pacífico, entre elas a implantação de um sistema de defesa antimísseis dos EUA na península coreana.

“Sentimos que nossos colegas japoneses começaram a entender melhor as preocupações russas a esse respeito”, disse Lavrov.

No âmbito econômico, os líderes emitiram uma declaração sobre  o desenvolvimento de atividades econômicas conjuntas nas ilhas Curilas do Sul, e instruíram as agências de seus países a elaborar novos acordos econômicos.

De acordo com a imprensa japonesa, Tóquio planeja oferecer um pacote econômico no valor de cerca de 300 bilhões de ienes (US$ 2,5 bilhões) para realizar projetos do setor privado em áreas como mineração e em empréstimos para a exploração de gás natural e desenvolvimento econômico do Extremo Oriente russo.

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