Governo se adianta para eleições parlamentares neste domingo

Outdoor com campanha política para o Rússia Unida

Outdoor com campanha política para o Rússia Unida

Iúri Smitiuk/TASS
Pesquisas de opinião mostram que apoio ao partido governista Rússia Unida sofreu queda. No entanto, especialistas acreditam que a sigla ainda é capaz de vencer as eleições parlamentares em 18 de setembro, sobretudo devido à imagem do presidente.

O partido governista Rússia Unida, ao qual está afiliado o presidente russo Vladímir Pútin, está no centro do poder desde 2003, após três vitórias consecutivas na Duma de Estado (câmara dos deputados na Rússia). Atualmente dirigido pelo primeiro-ministro Dmítri Medvedev, o partido busca agora manter uma maioria confortável no Parlamento, mas isso pode ser difícil em condições de crise.

Custos do poder

Em agosto passado, um levantamento do Centro Levada, o maior instituto privado de pesquisa na Rússia, revelou queda no apoio ao Rússia Unida.

Apenas 31% dos inquiridos manifestaram a intenção de votar para o partido nas eleições parlamentares se fossem realizada no fim de semana seguinte à pesquisa.

O declínio de popularidade (a menor registrada desde o início de 2016) poderia ser justificado, dizem os especialistas, pela crise socioeconômica que assolou a Rússia nos últimos tempos.

Segundo Leonid Poliakov, professor do departamento de Ciência Política da Escola Superior de Economia, a crise representa um cenário difícil para o partido governista, uma vez que as pessoas passam a culpar o governo pela queda dos padrões de vida.

“Isso é natural, acontece em qualquer país”, disse Poliakov à Gazeta Russa. “Todas as acusações políticas voam na direção do partido do poder.”

Opinião semelhante é sustentada por Valéri Solovei, professor da Mgimo (do russo, Instituto Estatal Moscovita de Relações Internacionais) e analista político.

O especialista acredita que a atitude do povo em relação ao Rússia Unida se deteriorou até mesmo em comparação com 2011, quando a vitória eleitoral do partido foi seguida por protestos e acusações de fraude.

“Em algumas regiões, a situação social é tensa, e é o Rússia Unida que vem sendo responsabilizado por isso”, sugere Solovei.

Faxina no partido

De acordo com especialistas, as autoridades tentaram elevar o apoio ao Rússia Unida livrando-se de funcionários problemáticos e impopulares associadas com o governo. Exemplos disso são as demissões do ministro da Educação Dmítri Livanov, em 19 de agosto, e do ouvidor na área infantil Pável Astakhov, em 9 de setembro.

Lembrado por sua reforma da Academia de Ciências, Livanov tornou-se impopular junto à comunidade científica, e Astakhov caiu devido a suas declarações polêmicas.

Segundo Solovei, no período de preparação para as eleições, o Kremlin decidiu se livrar de figuras que poderiam derrubar o apoio ao governo e, consequentemente, também ao Rússia Unida.

Manobras políticas

A introdução de um sistema misto nas eleições de 2016, no qual metade dos legisladores (225 de 450) são eleitos por candidato, e não por partido, também favorecerá o Rússia Unida, apontam os especialistas, pois permite a candidatos leais ao governo que representem não a sigla, mas supostamente si mesmos.

“Pode-se usar o sistema para eleger candidatos que são leais ao governo, mas tecnicamente chamados de ‘independentes’, sem causar alvoroço”, disse Solovei.

Paralelamente, em círculos eleitorais com fortes candidatos de outros partidos, que são apoiados pelas elites locais, o Rússia Unida poderá enfrentar dificuldades.

Segundo as estimativas do acadêmico, esse tipo de batalha por votos será possivelmente observado em cerca de 50 a 60 dos 225 assentos.

Pútin, o Salvador?

Poliakov, da Escola Superior de Economia, destaca, porém, que o Rússia Unida é percebido como o partido do presidente, cujo nível de apoio é significativamente maior do que o da própria partida.

“[A liderança da Rússia Unida] imputa na consciência das pessoas uma ligação direta entre o Rússia Unida e o presidente”, diz o observador, acrescentando que a imagem de Pútin seria suficiente para adiantar a vitória do Rússia Unida no próximo domingo.

Prova disso é o aumento de dois pontos percentuais (de 39% para 41%) no apoio ao partido após Pútin realizar uma reunião com seus representantes em 6 de setembro.

A ausência de candidatos da oposição fortes também desempenha ajuda a manter a status do Rússia Unida. Segundo pesquisas sociológicas recentes, a base de apoio dos partidos não parlamentares não ultrapassa a marca de 1%.

Além desse fatores, os três partidos parlamentares – o Partido Comunista, o Partido Democrático Liberal e o Rússia Justa – também passam por momentos difíceis.

“Todos parecem a mesma coisa e não conseguem se posicionar de modo favorável”, disse Aleksêi Makarkin, vice-presidente do Centro para Tecnologias Políticas, citado pelo site de notícias Gazeta.ru.

Você sabia que russos que residem no Brasil terão três postos eleitores para votar no próximo domingo? Veja aqui mais detalhes.

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