Snowden não esconde vontade de voltar aos EUA

Snowden em coletiva de imprensa via internet

Snowden em coletiva de imprensa via internet

Reuters
Ex-agente espera que Obama permita seu retorno ao país antes do final de seu mandato. Embora viva na Rússia há mais de três anos, norte-americano diz não se adaptar ao país.

O ex-prestador de serviço da Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA) Edward Snowden se esconde na Rússia desde 2013, quando revelou informações sobre um programa norte-americano de vigilância em massa. No entanto, nos últimos dias, o norte-americano confessou reiteradas vezes o desejo de voltar para os EUA.

“Ed Snowden tem sido bastante direto”, disse o diretor Oliver Stone (cujo longa biográfico ‘Snowden’ estreará no Brasil em setembro”, ao “The Huffington Post”.

“Ele ama os Estados Unidos, e quer voltar para casa”, completou.

Em entrevista ao jornal britânico “The Guardian”, publicada na terça-feira (13), Snowden também destacou que a Rússia é um “refúgio temporário” e expressou esperança de que o presidente dos EUA, Barack Obama, permita sua volta antes de deixar a Casa Branca em janeiro de 2017.

Empacado em Moscou

Na entrevista ao veículo britânico, Snowden relembra ter chegado à Rússia por acaso, em junho de 2013, quando faria uma conexão em Moscou rumo à América do Sul.

Após o governo norte-americano anular seus documentos de identificação, o ex-agente não teve escolha. Além disso, a Rússia foi o único país que concordou em fornecer-lhe asilo na época.

Em agosto de 2014, Snowden recebeu um visto por três anos.

Apesar dos rumores de que o ex-agente vive em Moscou, ou em seus arredores, não se sabe o seu paradeiro no país.

Vida pacata  

Nas palavras de Snowden, ele é um “gato doméstico” que gosta de passar a maior parte de seu tempo em casa trabalhando no computador. “Mais do que em qualquer outro lugar, vivo na internet”, disse ao “Guardian”.

A rede, que também é espaço de trabalho, possibilita a ele dar palestras públicas on-line e desenvolver mecanismos para aumentar a segurança dos jornalistas na internet.

Sua namorada Lindsay Mills teria se mudado para a Rússia em 2014, onde vive com ele, de acordo com veículos internacionais.

Segundo o ex-agente, que revelou saber o suficiente de russo “para pedir algo em um restaurante”, a decisão de não se instalar na Rússia foi tomada conscientemente.

Críticas ao Kremlin

Em setembro de 2015, Snowden criticou a política de internet do Kremlin, alegando que o governo russo tenta controlar a rede, bem como a violação dos direitos das minorias sexuais.

“Essa iniciativa do governo russo de controlar cada vez mais a internet, [e] decidir o qual é a forma adequada ou inadequada para as pessoas expressarem seu amor [é] fundamentalmente errada”, disse ele ao “Guardian”.

A aprovação da legislação antiterrorista, em julho passado, que exige que os operadores arquivem as chamadas e mensagens dos usuários e, se necessário, transmitam os dados aos órgãos competentes, também foi alvo de críticas.

“Pútin assinou uma nova lei repressiva que viola não só os direitos humanos, mas o senso comum. Dia sombrio para a Rússia”, escreveu então em seu Twitter, referindo-se ao pacote antiterrorista como “Lei Big Brother”.

As críticas ao governo não causaram, porém, qualquer reação negativa por parte das autoridades do país. “Ele vive na Rússia, mas isso não significa que algo é imposto a ele”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmítri Peskov, ao comentando as declarações de Snowden. “Há uma discussão, e isso é perfeitamente normal”, completou.

Perdão de Obama

O presidente norte-americano Barack Obama deverá perdoar Snowden e permitir que ele volte a sua terra natal, acredita Iúri Rogulev, que dirige a Fundação Franklin Roosevelt para Estudos dos EUA.

“Obama não gosta de como Snowden acabou na Rússia. Eu não acho que ele vá de repente mudar de ideia”, disse Rogulev ao jornal “Kommersant”.

Segundo o advogado do ex-agente, Anatóli Kutcherena, Snowden ainda não decidiu o que fará quando seu visto de permanência na Rússia expirar em 1º de agosto de 2017.

“A vida é complexa e multifacetada e ninguém sabe o que vai acontecer”, declarou Kutcherena à agência de notícias Interfax.

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