Otan se aproxima de fronteira, mas quer diálogo com Moscou

Secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, durante recente cúpula em Varsóvia

Secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, durante recente cúpula em Varsóvia

Reuters
Para especialistas, ações mostram que Otan quer paz, mas se prepara para guerra.

A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) criará quatro novas divisões de 4.000 militares em bases na Polônia e nos países bálticos. A decisão foi anunciada durante a cúpula da organização em Varsóvia.

Formalmente, a aliança não está violando o Ato de Fundação Rússia-Otan, assinado em 1997, de acordo com o qual a Otan promete não implantar "contingentes militares significativos” próximos ao território da Rússia.

Os membros da aliança afirmaram que a parte europeia da defesa antimíssil norte-americana entrou no nível básico de prontidão de combate. Isso significa que as forças navais dos Estados Unidos na base da Espanha, os sistemas de radiolocalização na Turquia e os mísseis interceptores no território da Romênia começaram a trabalhar em conjunto para combater possíveis ameaças.

Os navios da Marinha dos Estados Unidos continuarão a entrar no Mar Negro, o que causará uma reação negativa de Moscou. As partes vão discutir a decisão da Otan em breve: a próxima reunião do conselho Otan-Rússia deverá ser realizada nesta quarta-feira (13).

Os representantes da Otan já manifestaram o desejo de adotar uma série de "medidas de confiança", incluindo a ativação de sistemas de identificação em aviões militares da aliança e da Rússia e o acordo sobre o aviso de incidentes no ar e no mar.

Ponto de vista russo

De acordo com o especialista militar e vice-diretor militar do Instituto de Países da Comunidade dos Estados Independentes, Vladímir Ievséiev, após o início da crise na Ucrânia, os países membros da Otan começaram a tratar a Rússia como rival.

Segundo ele, os resultados da cúpula são moderadamente negativos para Moscou. "Trata-se de um compromisso. Oficialmente a Otan está pronta para a cooperação, mas na prática eles realizam uma política de intimidação da Rússia. Querem paz, mas se preparam para a guerra”, disse Ievséiev.

Para o editor-chefe da revista militar "Arsenal Otéchestva", Víktor Murakhôvski, a Rússia não vai responder às ações e declarações políticas da Otan. "O Ministério da Defesa da Rússia deve prestar atenção ao potencial militar real dos nossos parceiros da Otan, e não às declarações dos líderes da aliança", opinou.

No entanto, em janeiro de 2016, o ministro da Defesa russo, Serguêi Choigu, anunciou a criação de três novas divisões na parte ocidental da Rússia para neutralizar as possíveis ameaças da aliança.

Otan na Ásia

Segundo Evséiev, os EUA e a Otan já estão olhando para a Ásia. "O governo dos Estados Unidos entende que, para manter a liderança global, é preciso não só reforçar os mecanismos de influência na Europa, mas também achar parceiros na Ásia para conter a ameaça emergente da China", disse.

Segundo ele, Washington já construiu 12 navios de guerra equipados com mísseis guiados para reforçar sua presença na região da Ásia e do Pacífico.

"Sob o pretexto da deterioração das relações com a Rússia, os Estados Unidos moverão gradualmente suas forças à região da Ásia-Pacífico. Essa tendência se intensificará com a chegada do novo presidente”, concluiu Ievséiev.

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