Na Asean, Moscou apresenta roteiro para 57 projetos com asiáticos

Performance abriu o festival cultural Rússia-Asean, às margens de cúpula

Performance abriu o festival cultural Rússia-Asean, às margens de cúpula

Pável Lisitsin/RIA Nôvosti
Líderes de dez países do Sudeste Asiático se reuniram com o presidente russo Vladímir Pútin na cúpula da Asean, em Sôtchi, na semana passada. Moscou tenta superar influência de China e EUA na região, bem como evitar isolacionismo.

“Somos capazes de criar novos laços e dar um impulso adicional a nossos negócios. A Rússia criou um roteiro com 57 projetos de tecnologia que podem nos ajudar a construir parcerias inovadoras e tecnológicas”, disse o presidente russo Vladímir Pútin na 3ª cúpula Rússia-Asean, em Sôtchi.

Diante dos resultados obtidos durante o encontro, Anton Tsvetov, do Conselho de Relações Internacionais da Rússia, acredita que a cúpula foi um sucesso, “pelo menos quando se trata de atingir as metas russas”.

Segundo o especialista, Moscou foi capaz de reafirmar o seu interesse nos assuntos da região do Sudeste Asiático e mostrar que faz esforços para isso. “Para a Asean, a cúpula é um sinal de sua posição independente”, acrescenta Tsvetov.

No entanto, Aleksandr Gabuev, do Centro Carnegie de Moscou, considera que a esperança de Moscou de obter um ganho comercial rápido e um aprofundamento dos laços políticos não seja realista. Ao contrário da China, o volume de comércio com a Rússia é pequena (US$ 21,4 bilhões em 2015, menos de 1% do total da Asean).

O parceiro de Moscou no grupo de países asiáticos é o Vietnã, com que no ano passado o comércio bilateral cresceu para US$ 2,7 bilhões de dólares, seguido pela Tailândia, com US$ 2 bilhões.

Os números relativamente baixos não impediram, porém, as empresas russas de estabelecer metas ambiciosas.

Membros do Centros de Exportações Russas informaram que a Rússia deverá responder por 10% das importações de países da Asean dentro de cinco anos e “já estão trabalhando sobre os requisitos necessários para dar um passo adiante”.

“Parece mais uma intenção do que um plano bem estabelecido. Mas pelo que sei, eles realmente sabem do que estão falando”, afirma Viktor Súmski, diretor do Centro Asean no Mgimo (do russo, Instituto Estatal Moscovita de Relações Internacionais).

União de associações

“O efeito visual e geopolítico foi forte. Sôtchi recebeu dez líderes de países do Sudeste Asiático e muitos deles se reuniram com Pútin, visitaram outras cidades e assinaram dezenas de acordos”, diz Tsvetov. “Isso tudo combina com a narrativa russa de não isolamento e necessidade de diversificar a política internacional.”

Já Súmski, vê como principal resultado da cúpula a assinatura de acordos de energia e comércio, na esfera militar e na cultural.

“Isso nem sempre acontece neste tipo de evento. E o que é mais importante é que também se falou sobre a futura cooperação econômica. Foi discutido como a Asean, a Organização para Cooperação de Xangai e a União Econômica da Eurásia irão trabalhar em conjunto”, afirma o especialista.

O objetivo final de Moscou é criar um acordo de comércio livre entre a Asean e a União Euroasiática e, para tanto, deve antes assinar acordos individualmente.

Acordos comerciais

Durante a cúpula não foram assinados acordos entre a Asean, como um bloco, e a Rússia, mas sim contratos bilaterais entre países da região e Moscou.

Um dos mais importantes está relacionada com a indústria de laticínios. Investidores vietnamitas construirão uma enorme planta de processamento de leite na região de Moscou. O primeiro-ministro vietnamita, Nguyen Xuan Phuc, participou da cerimônia do projeto, estimado em 2,700 bilhões de dólares.

Paralelamente, a petrolífera estatal russa Rosneft criará uma joint venture com a Keppel Corp, de Singapura, e com a empresa norueguesa de produtos de extração MHWirth. Pútin anunciou, inclusive, que será construída uma refinaria na Indonésia, cujo investimento chegará a US$ 13 bilhões.

Parceria militar

A Rússia assinou acordos de cooperação de defesa com Camboja, Indonésia e Brunei, mas duas grandes e esperadas negociações de armas não foram concluídas: a compra de tanques T-90 pela Tailândia e a venda de caças Su-35 à Indonésia.

Segundo Sumski, o facto de se falar em cooperação nesse domínio é, no entanto, “um sinal de quão sérias são essas relações. O grupo mostrou claramente que não ceder à pressão dos EUA de isolar a Rússia”.

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