Após resgate de piloto, Kremlin anuncia resposta militar

Diversas pessoas se reuniram em frente à embaixada turca em Moscou para protestar contra abate de avião.

Diversas pessoas se reuniram em frente à embaixada turca em Moscou para protestar contra abate de avião.

Ramil Sitdikov/Ria Nôvosti
Defesa russa anunciou o resgate de um dos dois pilotos do caça russo Su-24 abatido pela Força Aérea turca na terça (24). Autoridades teceram críticas severas à postura de Ancara e alertaram para possível agravamento de relações entre Moscou e a Otan.

As forças especiais russas e sírias encontraram e evacuaram para a base aérea de Hmeymim, no noroeste da Síria, o copiloto do caça Su-24 abatido na terça (24) pela Turquia, informou o ministro da Defesa russo, Serguêi Choigu. A operação durou cerca de 12 horas.

“A operação foi concluída com êxito. O copiloto foi levado para a nossa base. Está vivo e apresenta bom estado de saúde. Gostaria de agradecer a todos os nossos homens que, sob grande risco, trabalharam a noite inteira, e concluíram a operação às 3h40 [horário de Moscou]”, disse Choigu.

Após o resgate do piloto russo, Moscou transferiu sistemas de defesa antiaérea S-400 para a base aérea de Hmeymim, na Síria, além da implantação de um cruzador lança-mísseis Moskva em um novo posto de combate.

O cruzador, equipado com o sistema de defesa aérea Fort, foi posicionado nos arredores de Latakia e “está pronto para abater qualquer alvo aéreo que represente uma potencial ameaça para nossas aeronaves”, acrescentou o ministro russo.

Ainda segundo Choigu, todas as ações empreendidas pela força aérea russa na Síria serão efetuadas com a escolta de caças, e os contatos militares com a Turquia foram encerrados.

Mais cedo, o embaixador russo na França, Aleksandr Orlov, já havia informado sobre o resgate bem-sucedido de um dos pilotos. Em entrevista à rádio francesa Europe 1, o embaixador disse também que o outro piloto havia sido “ferido durante a descida de paraquedas e, já em terra, morto de forma selvagem pelos jihadistas”.

O presidente russo Vladímir Pútin anunciou que o piloto seria postumamente condecorado com a Estrela de Herói da Federação Russa, uma das mais altas distinções do Estado. 

Apoio ao terrorismo

Nesta quarta-feira (25), o Ministério das Relações Exteriores russo apresentou forte protesto ao embaixador da Turquia na Federação Russa, Ümit Yardym. O abate do avião russo também foi destaque na pauta de discussões desta quarta no Kremlin.

Em reunião com a cúpula do governo, Pútin recomendou ao Ministério das Relações Exteriores que aconselhasse os cidadãos russos a se absterem de visitar a Turquia (as principais operadoras de turismo russas já seguem essa decisão) e criticou a “política interna [turca] de islamização do país”.

“Estamos falando do apoio a orientações islâmicas radicais”, destacou Pútin. À luz do ocorrido na terça-feira (24), o presidente alertou para a possibilidade de novos incidentes no futuro.

“Não podemos excluir outros incidentes. E, se eles acontecerem, nós teremos que reagir de alguma forma. Os nossos cidadãos que se encontram na Turquia podem ficar expostos a um risco significativo.”

Já o primeiro-ministro russo, Dmítri Medvedev, referiu-se à atuação da Turquia como “imprudente e criminosa”. O passo dado por Ancara pode, segundo o premiê, criar um perigoso agravamento nas relações entre a Rússia e a Otan.

“As ações de Ancara foram prova do seu apoio ao grupo extremista Estado Islâmico e minaram as relações de boa vizinhança entre a Rússia e a Turquia, incluindo na economia e na esfera humanitária”, acrescentou Medvedev.

Segundo as autoridades do país, a Rússia poderá abandonar uma série de projetos comuns, e a situação deve agravar as posições de empresas turcas no mercado russo.

Ataque a helicóptero

A morte de um fuzileiro naval russo durante a operação de resgate  também foi destaque da imprensa nesta quarta. Segundo as informações da pasta da Defesa russa, o helicóptero Mi-8 que participava da operação de busca e salvamento foi atingido por armas de pequeno porte e teve que fazer um pouso de emergência. Instantes depois, o avião foi destruído pelos combatentes islâmicos.

As equipes de resgate conseguiram evacuar os ocupantes do helicóptero para a base aérea russa na Síria, porém, um fuzileiro naval acabou sendo morto durante a operação. Fontes da imprensa russa informaram que o helicóptero foi destruído com um sistema norte-americano antitanque BGM-71 TOW.

 

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