Agência aérea aponta falhas em relatório sobre voo MH17

Holandeses concluíram que avião foi abatido por míssil de fabricação russa

Holandeses concluíram que avião foi abatido por míssil de fabricação russa

AP
Provas fotográficas e não inclusão da Rússia na produção do relatório apresentado pelo Conselho de Segurança holandês enfraquecem conclusões, de acordo com Rosaviátsia (Agência Federal de Transporte Aéreo da Rússia).

Em resposta ao relatório final do Conselho de Segurança holandês, o vice-presidente da Rosaviátsia, Oleg Stortchevoi, declarou que as conclusões nele apresentadas contêm distorções e criticou a falta de lógica do documento divulgado na terça-feira (13).

De acordo com os holandeses, o voo da Malaysia Airlines foi abatido sobre o leste da Ucrânia por um míssil Buk, de fabricação russa. Mas Stortchevoi garante que os dados do relatório não constituem prova de que um Buk tenha sido responsável pela colisão.

O vice-presidente da Rosaviátsia afirmou que foram apresentadas à Rússia apenas provas fotográficas. “Mas nas imagens da comissão havia parte de um Buk, que não poderia ter ficado inteiro com a explosão”, disse.

O conselho, que desconsiderou as observações enviadas por Moscou, teria ignorado um convite para seus membros irem ao país conhecer as características dos sistemas de mísseis antiaéreos Buk. Além disso, a Rússia não foi notificada de que haviam sido encontrados fragmentos do míssil, segundo Stortchevoi.

“Ficamos sabendo disso apenas durante a última reunião em agosto, quando nos disseram que não haveria mais reuniões e que não seriam aceitas novas observações”, acrescentou.

As conclusões do conselho não especificam, porém, quem lançou o míssil. “A ogiva 9n314m foi detonada fora do avião para o lado esquerdo da cabine. Ela se encaixa no tipo de ogiva instalada no sistema de mísseis terra-ar Buk”, disse o chefe do Conselho de Segurança, Tjibbe Joustra, na apresentação do relatório.

Outro ponto levantado pelo conselho holandês é o fato de que havia motivos para a Ucrânia ter fechado o espaço aéreo sobre a zona de conflito antes do acidente e que as mais de 60 companhias áreas em operação no local poderiam ter reconhecido o perigo.

O relatório recomenda ainda alterações às normas de aviação internacional para tornar a escolha de rotas mais transparente. O incidente com o voo MH17, ocorrido em julho de 2014, causou a morte de todas as 298 pessoas a bordo da aeronave.

Moderno ou obsoleto?

Ainda em crítica ao relatório holandês, Stortchevoi destacou que o conselho não apresentou provas reais de que o corpo da aeronave tivesse “manchas de colisão” características dos mísseis Buk modificados.

“A forma e a composição química da mancha tipo ‘borboleta’ [causada pelo Buk] não têm nada a ver com o que está apresentado no relatório. É necessário encontrar dados que confirmem a descoberta desses elementos”, afirmou.

Especialistas do consórcio Almaz-Antei, que fabrica Buks, confirmam que, caso o avião tivesse sido abatido por um míssil modernizado, no local do acidente haveriam manchas em forma de "viga  que fazem lembrar o desenho de uma borboleta.

Essa possibilidade está, contudo, apresentada no relatório do Conselho de Segurança holandês. Nele, o próprio consórcio afirma que, se o Boeing malaio foi derrubado por um Buk, não se tratava de uma versão modernizada, e sim da série obsoleta. Esse modelo, que já foi retirado do Exército russo há quatro anos, ainda continua ativo nas Forças Armadas da Ucrânia.

 

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