As duas Sírias de Pútin e Obama

Presidente russo e norte-americano se encontraram durante 70° Assembleia Geral da ONU, em Nova York.

Presidente russo e norte-americano se encontraram durante 70° Assembleia Geral da ONU, em Nova York.

EPA
Um dos principais temas esperados para a 70° Assembleia Geral de segunda-feira (28), a questão síria parece longe de resolução, mesmo após encontro entre os principais players externos da crise: o presidente russo Vladímir Pútin e o norte-americano Barack Obama.

Mesmo após o encontro cara a cara entre o presidente russo Vladímir Pútin e seu homólogo norte-americano Barack Obama na 70° Assembleia Geral da ONU na segunda-feira (28), as questões levantadas pelos dois acerca da Síria parecem ter ficado sem respostas. A Gazeta Russa compilou uma lista dos principais motivos que impedem uma cooperação entre Moscou e Washington na luta contra o EI (Estado Islâmico).

1. OdestinodeAssad

Este é o principal ponto de discordância entre as partes.  Enquanto o afastamento de Bashar al Assad do poder parece ser uma questão ainda mais importante para os EUA que a luta contra o EI, a Rússia sublinha que apenas Assad pode ser o líder legítimo da Síria, que não pode ser substituído por ninguém no momento e que é justamente seu exército que faz real frente ao EI.

Apesar disso, Moscou não idealiza Assad, e deixa entender que a Síria precisa de uma reforma política, mas sem a intervenção de forças extremas. O Kremlin se mostra favorável a uma saída pragmática: inicialmente, a derrota do EI, e, depois, negociações do governo com a oposição.

2. O papel da ONU na resolução da crise

Moscou deixa entender que está disposta a se unir à coalizão dos EUA contra jihadistas, mas exige que essa obtenha primeiramente permissão da ONU. Isso é necessário para se escrever com maior clareza as "regras do jogo" e evitar a repetição do cenário líbio, quando, sob o pretexto de se defender a população pacífica, países se uniram para derrubar de fato Muammar Gaddafi. O Kremlin exige uma resolução do Conselho de Segurança que defina os objetivos da coalizão internacional e os meios de luta contra o EI.

3. O papel dos players regionais

Moscou é favorável ao convite ao Irã para participar da luta contra o EI e resolver a crise síria, o que vai contra os interesses dos EUA e seus aliados Arábia Saudita e Qatar.

O acordo assinado em julho sobre o programa nuclear iraniano deve transformar o Irã de pária internacional a um parceiro de acordos totalmente aceitável. O problema está na abertura das monarquias árabes a um compromisso com Teerã.

Até o momento, existem duas coalizões concorrentes atuando realmente contra os jihadistas. Uma, sob a égide dos EUA e da Arábia Saudita, e outra, entre Rússia, Iraque, Irã e o governo Assad.

4. Motivos internos de Pútin e Obama

Nos EUA, inicia-se a corrida presidencial. Uma das acusações contra os democratas é sobre sua política externa incerta. Para Barack Obama, é importante mostrar firmeza e coerência, sobretudo em relação à Rússia.

Já no caso de Pútin, o possível sucesso na luta contra o EI criaria condições para que esse mostrasse à população russa que seu governo tem um líder resoluto, que pode devolver à Rússia o status de grande potência.

 

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