Moscou e Teerã redefinem relações pós-acordo iraniano

Ministro iraniano Javad Zarif (à esq.) e chanceler russo Serguêi Lavrov em coletiva após o encontro bilateral

Ministro iraniano Javad Zarif (à esq.) e chanceler russo Serguêi Lavrov em coletiva após o encontro bilateral

Getty Images
Desmantelamento de instalações nucleares no Irã abre oportunidades de parceria e estreitamento de laços comerciais entre países. Embora pauta tenha incluído questão síria, Moscou refutou rumores de que esteja atuando como mediador entre partidários e opositores do presidente sírio Bashar al-Assad.

Um mês depois da assinatura do acordo iraniano, o chanceler russo Serguêi Lavrov e o ministro das Relações Exteriores do Irã, Javad Zarif, se encontraram em Moscou para discutir as relações entre os países frente à possibilidade de levantamento das sanções internacionais contra o Irã.

A reunião girou em torno da implementação do “Plano de ação sobre o programa nuclear iraniano”, que será conduzido em parceria entre os países. Em coletiva após o encontro, Lavrov sugeriu que o Kremlin irá usar essa oportunidade “para estreitar laços comerciais com Teerã”.

Segundo a proposta, a Rússia vai retirar do Irã os estoques de urânio pouco enriquecido em troca de urânio natural e ajudará o país a desenvolver a produção de isótopos estáveis ​​na instalação nuclear iraniana de Fordow. O país também construirá oito reatores nucleares no Irã.

Os diplomatas discutiram ainda um acordo para a simplificação do sistema de vistos entre os dois países.

Coincidência ou intercessão

A situação no Oriente Médio, sobretudo o futuro do presidente sírio Bashar al-Assad foi um dos pontos abordados na reunião de segunda-feira (17). “Durante todo o tempo defendemos que os próprios sírios decidam o destino da Síria”, disse o chanceler russo, que recebeu o apoio do homólogo iraniano. “A única maneira de resolver a crise síria é pela via política”, disse Zarif.

Dias antes da visita do diplomata iraniano, esteve em Moscou o chanceler da Arábia Saudita, Adel al-Jubeir, e representantes da Coalizão Nacional Síria da Oposição e das Forças Revolucionárias, gerando rumores de uma possível mediação de Moscou.

Para Evguêni Satanovski, presidente do Instituto do Oriente Médio, o fato de Lavrov ter se reunido em um curto período de tempo com partes opostas é “pura coincidência”.

“Devido a diferenças religiosas, a Arábia Saudita não é capaz de chegar a acordo com os xiitas iranianos, e, portanto, em princípio, a Rússia não pode ter papel de mediadora”, diz Satanovski.

Já o ex-embaixador russo na Arábia Saudita, Andrêi Baklanov, não descarta a hipótese de Moscou estar tentando aliviar as tensões nas relações saudito-iranianas, embora a Rússia “não disponha atualmente de recursos para agir como intermediária entre o Irã e Arábia Saudita”. 

 

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