“Devolução da soberania à Crimeia é a base do seu futuro”, diz Gorbatchov

Gorbatchov disse ainda que a iniciativa tomada pelos habitantes da Crimeia poderá servir de exemplo também para a maioria da população de origem russa residente na região sul da Ucrânia Foto: Photoshot/Vostock Photo

Gorbatchov disse ainda que a iniciativa tomada pelos habitantes da Crimeia poderá servir de exemplo também para a maioria da população de origem russa residente na região sul da Ucrânia Foto: Photoshot/Vostock Photo

O polêmico referendo realizado na Crimeia no ultimo domingo (16) revelou a intenção da maioria da população em reanexar a península ao território russo. O ex-presidente da União Soviética, Mikhail Gorbatchov, que muitos consideram culpado pela queda da URSS e consequente perda da Crimeia, compartilhou suas considerações sobre o assunto.

“Todos os acontecimentos recentes na região foram provocados pela vontade dos seus moradores, e eu apoiei a iniciativa de realizar um referendo para demonstrar a sua prontidão de voltar a fazer parte da Rússia e desmentir as versões de reanexação forçada da península pelo governo russo”, declarou Mikhail Gorbatchov em meio à assinatura do acordo de adesão. “A devolução da soberania à Crimeia é a base do seu futuro (...) É a liberdade de escolher, um direito indispensável de qualquer sociedade.”

Em sua opinião, é preciso agora evitar a intervenção armada das partes que se opõem à Rússia, já que tais provocações não levam em consideração o futuro nem da Ucrânia nem da Crimeia. “O maior erro que a Rússia seria começar uma guerra contra a Ucrânia, isso seria um verdadeiro absurdo”, acrescentou.

O primeiro presidente soviético acredita que a situação na Crimeia só pode ser resolvida na base de um acordo entre os países ocidentais, a Rússia e a Ucrânia. “Moramos em um aldeia global, onde todos dependem e são responsáveis um por outro. No decorrer do tempo, as ligações entre os países apenas se fortalecem e seria um grande erro não levar isso em consideração.”

A posição do presidente americano Barack Obama, que tratou o referendo da Crimeia como uma iniciativa ilegítima, foi bastante criticada por Gorbatchov. “Ele precisa superar a sensação da superioridade adquirida pela nação norte-americana após o término da Guerra Fria, quando falava-se muito sobre a necessidade de estabelecimento de uma nova ordem mundial”, explicou.

Segundo ele, essa posição provocou agressão por parte dos Estados Unidos em relação a outras nações que não aceitaram a ideia da sua superioridade. “Os americanos precisam superar essa síndrome nociva e reformar o seu país”, disparou.

Apesar de ter elogiado a recente atuação do presidente russo Vladímir Pútin, Gorbatchov deixou claro que não apoia todas as suas iniciativas. “Fiquei impressionado com o trabalho de Pútin no início do seu governo (...) Porém, aos poucos, ele começou a se tornar um novo ditador. As autoridades não confiam na população e desestimulam a sua participação na vida política”, explicou.

Gorbatchov disse ainda que a iniciativa tomada pelos habitantes da Crimeia poderá servir de exemplo também para a maioria da população de origem russa residente na região sul da Ucrânia.

 

Publicado originalmente pelo Slon.ru

 

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