Boston revela pouca influência russa sobre os EUA

Foto: Vostock Photo

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Russos nos Estados Unidos acreditam que ataque terrorista em Boston mostra o quanto é fraco o 'soft power', ou 'poder brando', aplicado pela Rússia neste país.

A reação dos cidadãos médios dos Estados Unidos à notícia de que os suspeitos do atentado em Boston são provenientes do Cáucaso do Norte mostrou o quanto é fraco o 'poder brando' aplicado pela Rússia no país. Essa é a opinião de Ígor Baboshkin, presidente do Conselho de Coordenação dos Compatriotas nos EUA.

“Aqui nos EUA as pessoas não entendem o que acontece na Rússia. Essa falta de informação faz com que se forme a opinião de que, em algum lugar na Rússia, existem certos centros de treinamento de terroristas”, disse Baboshkin por telefone à Gazeta Russa.

Após a notícia do atentado terrorista em Boston que matou três pessoas e feriu cerca de 200, Baboshkin diz ter sentido certa cautela por parte dos norte-americanos. Segundo ele, foi preciso explicar aos interlocutores que a própria Rússia luta contra o terrorismo no Cáucaso do Norte.

“Nós [os russos nos EUA] tentamos mostrar quando estamos conversando com alguém, que já tivemos na Rússia muitos problemas vindos desta região. Tivemos explosões no metrô de Moscou, reféns no musical Nord-Ost, no teatro, e a explosão de um trem indo de Moscou a São Petersburgo", conta Baboshkin.

O fato de que para muitos americanos isto se tornou uma novidade mostrou o pouco que eles sabem sobre o que se passa na Rússia, assim como são fracas as ferramentas de "poder brando" aplicado pela Rússia.

“Existe nisso um certo erro dos russos”, acredita Baboshkin. Ele relembra que nos EUA existe apenas um centro cultural da Rússia, em Washington, “onde auditório tem capacidade para 30 pessoas”, reclama. 

“Nos últimos seis anos, temos nos dirigido ao governo russo reinvidicando um centro cultural russo para Nova York. Não podemos sequer realizar uma exposição por aqui”, disse.

Mas Baboshkin não pensa que seja ruim a atitude dos norte-americanos para com os falantes de russo, cerca de 4 milhõs de pessoas atualmente. Segundo ele, os imigrantes russos se adaptam muito bem nos Estados

Unidos. “Se você consegue expressar seus pensamentos em inglês, é tratado como um americano”, diz.

Ele assume, porém, que “onde existem comunidades de pessoas originárias do Cáucaso, pode haver algumas diferenças”.

Yaldar Bajnouk, membro da comunidade Circassian Benevolent Association, do Cáucaso do Norte, em Nova Jersey, rejeita sua afirmação. Ele assegura à Gazeta Russa não ter sentido nenhuma mudança na atitude dos norte-americanos para consigo após a tragédia de Boston.

"Quando ouvimos sobre as explosões, só pensamos: 'tomara que não sejam muçulmanos!' Mas quando soubemos que eles eram do Cáucaso do Norte, sentimos vergonha. Foi muito ruim para nós”, disse ele.

De acordo com Bajnouk, os imigrantes do Cáucaso do Norte que vivem nos Estados Unidos, em geral, relacionam-se pouco com os americanos. “A assimilação ocorre de maneira muito difícil. Alguns nem querem se relacionar com os americanos para preservar as tradições”, diz.

Mas ele diz também que as pessoas da região são gratas aos EUA pela chance de viver em paz, trabalhar e crescer. 

O ato terrorista em Boston ocorreu em 15 de abril. Três pessoas morreram depois de duas bombas explodirem em um intervalo de 12 segundos.

Dois jovens do Cáucaso do Norte, os irmãos Tamerlan e Djohar Tsarnaev, são acusados de executar a ação terrorista.

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