“EUA deve se concentrar nos problemas dentro de suas fronteiras”

Atentado na maratona de Boston que matou três pessoas e deixou mais de 170 feridos Foto: Reuters

Atentado na maratona de Boston que matou três pessoas e deixou mais de 170 feridos Foto: Reuters

Várias informações sobre a origem russa dos supostos terroristas de Boston têm sido manchete nos veículos internacionais. Em resposta, observadores russos apontam lacunas nas iniciativas antiterrorismo dos Estados Unidos.

Ao longo da semana passada, os meios de comunicação do mundo inteiro divulgaram diversas informações sobre os dois principais suspeitos do atentado mortal de Boston, Tamerlan Tsarnaev, 26, e Djokhar Tsarnaev, 19, ambos nativos da conflituosa região russa do Cáucaso do Norte. De acordo com esses veículos, os dois haviam passado algum tempo na Tchetchênia antes de viver no Cazaquistão e viajar para os Estados Unidos com passaportes quirguizes.

“Pelos dados preliminares, a família Tsarnaev se mudou há muitos anos da Tchetchênia para outra região russa”, declarou Alvi Kamirov, assessor de imprensa do presidente tchetcheno, à agência de notícias Interfax. “Depois disso, viveram por algum tempo no Cazaquistão e de lá foram para os EUA, onde os membros da família receberam um visto de residência. Portanto, nenhum dos dois viveu na Tchetchênia enquanto adultos.”

Vladímir Evseev, diretor do Centro de Pesquisas Políticas e Sociais, não descarta que os Tsarnaevs possam ter orquestrado o atentado ocorrido durante a maratona de Boston. Porém, ele afirma que a origem dos terroristas não tem relação direta com o incidente e “o terrorismo é uma ameaça global que deve ser abordada”.

“O terrorismo não tem rosto e aqueles que cometem atos do gênero não têm nacionalidade”, diz. “Por exemplo, alguns portadores de passaporte russo se juntaram aos rebeldes sírios. Essas são pessoas sem pátria que ganham dinheiro matando pessoas. [Potenciais] terroristas podem vir de qualquer lugar”, completa Evseev.

O oficial aposentado do KGB e vice-presidente da Associação de Veteranos Alpha, Aleksêi Filatov, acredita que os Tsarnaevs poderiam ter passado por uma “lavagem cerebral”. “Um dos suspeitos tem 19 anos, é uma criança; o outro queria entrar para na equipe olímpica de boxe dos EUA. É claro que teria sido fácil manipulá-los”, afirma.

“Eu não vejo uma associação com o islamismo. Caso contrário, alguma organização já teria levado o crédito pelo acontecido. Não sei se algum dia realmente descobriremos quem ordenou o crime”, acrescenta Filatov.

Segundo o oficial, isso poderá servir como uma justificativa para qualquer medida de segurança adicional que o governo norte-americano decidir tomar, inclusive a intervenção militar no exterior para combater o extremismo.

Ainda assim, Evseev afirma que o governo deveria ter mais cuidado ao acolher cidadãos estrangeiros que vêm de contextos diferentes. “Em vez de enviar tropas para o Oriente Médio para lutar contra regimes hostis, os Estados Unidos deveriam se concentrar em problemas dentro de suas próprias fronteiras”, argumenta. 

O assessor de imprensa do presidente russo, Dmítri Peskov, adiantou que as notícias em torno dos suspeitos do ataque terrorista de Boston devem ser checadas, embora não tenha negado qualquer informação.

Cabe lembrar que o congressista norte-americano Michael McCaul, presidente do Comitê de Segurança Nacional da Câmara dos Representantes de EUA, afirmou neste domingo que o irmão mais velho dos Tsarnaev, Tamerlan, teria “muito provavelmente” recebido treinamento de islamitas durante sua passagem pela Rússia em 2012. 

Talerman morreu em uma troca de tiros com a polícia na madrugada da sexta-feira (19). Na noite do mesmo dia, Djokhar foi encontrado em um barco nos fundos de uma casa em Watertown, em Boston. Após confronto com policiais, Djokhar se rendeu, mas foi levado a um hospital local para tratar de ferimentos graves. As autoridades estão aguardando sua recuperação para iniciar o interrogatório.

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