Campeão de dança no tubo de ar queria ser piloto

Leonid Volkov treina em tubo de vento que simula queda livre

Leonid Volkov treina em tubo de vento que simula queda livre

Serge Shakuto/arquivo pessoal
Russo venceu campeonato mundial na Espanha com moonwalk em simulador de queda livre.

Leonid Volkov coloca o capacete e dá um passo em direção ao tubo de vento, onde o intenso movimento do ar eleva seu corpo. Flutua em direção à parede: ali está postada uma menininha. No começo, parece que ele dá passos em terra firme em direção a ela mas, de repente, ele voo rápido e dá cambalhotas no ar. A criança dá pulinhos de alegria e cai na gargalhada.

A dança no tubo de vento é um hobby, mas também um esporte. No começo de janeiro, o petersburguense foi campeão na categoria "freestyle" no campeonato internacional Wind Games 2016, na Espanha.

A competição contou com esportistas de 18 países. Na dança da vitória, Volkov uniu elementos do balé russo, movimentos acrobáticos e o voo de um pássaro pairando no ar.

Fonte:Windoor Realfly - Empuriabrava

Piloto sem sala de comando

A ideia de voar ao som da música surgiu quando Volkov percebeu que amava brincar nos túneis de vento. Desde criança, o sonho desse russo era se tornar piloto, mas a vida lhe deu um caminho diverso: estudou três anos na escola naval e, depois, cinco na academia militar.

Apesar disso, Volkov continuou encantado pelo céu e, há alguns anos, decidiu pular de paraquedas, quando lhe contaram, no clube de aviação de São Petersburgo, que a cidade em breve ganharia um túnel de vento.

O tubo de vento, conhecido em inglês como VWT (sigla para Vertical Wind Tunnel, ou túnel de vento vertical), é uma atração esportiva que simula a queda livre.

O voo nesse equipamento se assemelha a um salto de paraquedas de uma altura de 4 mil metros - mas sem risco de morte. O tubo de vento é construído como um ventilador de altíssima potência, com velocidade do ar de 250 km/h que, literalmente, tira os pés da pessoa da terra.

Experiência máxima de queda

Volkov ainda lembra a sensação experimentada em seu primeiro voo. "Dá um medo ao qual é impossível de resistir", conta.

Depois de quatro anos de treinamento e de trabalho como instrutor no complexo aéreo FlyStation, em São Petersburgo, Volkov definiu sua categoria no tubo como "freestyle". E o Wind Games 2016 foi o primeiro campeonato musical de voo no tubo.

"Até então, as pessoas voavam sem música. Nem passava pela cabeça de ninguém usar fones especiais. Por isso, comece a praticar a dança no tubo cerca de uma semana antes do concurso, quando juntei os movimentos e a música. Tive que treinar de madrugada, já que o tubo estava sempre ocupado de visitantes durante o dia", conta Volkov.

No tubo de São Petersburgo, Volkov recebe não apenas leigos em busca de diversão, mas também aqueles que treinam o esporte com seriedade, sobretudo estrangeiros, já que o custo para treinar no equipamento ali é o menor do mundo.

Pronto em 10 minutos

Segundo Volkov, é possível aprender os movimentos básicos do tubo em 10 minutos. Mas, para aprender a dançar, é preciso pelo menos um ano. O campeão ressalta que para se desenvolver todos os dias no tubo é necessário manter não apenas a forma física, mas também psicológica.

"Para se preparar para uma competição é preciso se livrar do medo. Se você se isola, não consegue se mostrar. Eu sempre ficava preocupado com o que os outros pensavam de mim, me dava um bloqueio. Mas o tubo de vento liberta, e agora posso fazer qualquer papel, não tenho vergonha", diz Volkov.

"Os espectadores recarregaram minhas energias. Apesar de eu não conseguir, durante a dança, olhar para o público, pude senti-lo. Isso me ajudou, já que quando ninguém está olhando eu não gosto de dançar", diz, acrescentando que já aguarda novos campeonatos de dança com música no tubo.

Volkov teve ajuda da namorada para bolar sua coreografia, e um colega instrutor em São Petersburgo, Andrêi Lementar, ensinou-lhe a fazer o "moonwalk" no ar.

"O Leonid [Volkov] não sai do tubo. Este é o segredo do campeão. Assim que entrou da primeira vez, disse: 'Pronto, não saio daqui. Vou morar aqui'.", conta Andrêi.

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