Após doping, WADA quer limitar Rússia no Rio em 2016

Campeã olímpica em Londres, Savínova é uma das atletas que deve ser afastada para sempre do esporte segundo WADA

Campeã olímpica em Londres, Savínova é uma das atletas que deve ser afastada para sempre do esporte segundo WADA

Ria Nóvosti/Ramil Sitdikov
Em relatório, agência ainda pede afastamento de campeões russos em Londres.

A Agência Mundial Antidoping (WADA, na sigla em inglês) apresentou um relatório na segunda-feira (9) em que aponta para o problema do doping nas práticas esportivas na Rússia.

O documento levou 11 meses para ser preparado por uma comissão especial chefiada por Dick Pound e sua conclusão é que o doping entre atletas foi encoberto por um longo período no país.

A agência afirma, com base em fontes confidenciais, que um laboratório moscovita teria destruído 1.417 análises de doping e, como resultado, houve esportistas russos fazendo uso de substâncias ilegais nas Olimpíadas de Londres, em 2012.

O documento também traz denúncias sobre uma possível participação do FSB (Serviço Federal de Segurança da Rússia, órgão que sucedeu a KGB) no encobrimento das análises, com agentes infiltrados nos laboratórios.

Assim, a WADA recomenda que esportistas e outros profissionais ligados aos esportes sejam punidos, e pede o afastamento dos atletas russos de todas as competições internacionais, principalmente as Olimpíadas do Rio, em 2016.

Além disso, propõe-se o afastamento vitalício de cinco esportistas russos - entre eles a campeã olímpica em Londres nos 800 m, Maria Savínova - e de cinco treinadores por infrações das regras antidoping, assim como restrições aos laboratórios moscovitas credenciados.

Um laboratório moscovita de análise antidoping teve sua autorização de funcionamento suspensa já nesta terça-feira (10).

Repercussão

O ministro dos Esportes russo, Vitáli Mutko, comentou o caso à agência R-Sport ampliando o problema do doping.

"Quando ocorre um isolamento, isso é ruim para todos. Nós não somos os únicos com problemas no atletismo. Não podemos colocar todos os problemas do atletismo na Rússia", disse.

Ele também afirmou que o laboratório moscovita do foi ostensivamente verificado pela WADA e não gerou reprovação.

O documento causou furor no mundo esportivo em geral.

"O relatório é profundamente chocante!", lê-se em comunicado do Comitê Olímpico Internacional, que se diz pronto a "reagir e tomar a política de tolerância zero" em caso de confirmação das informações.

Para o advogado especializado em esportes Artiom Patsev, as acusações da WADA são uma punição política contra o país.

"É um dos motivos pelos quais as informações são dadas na forma de 'recomendações'. Porque se houvesse motivo para afastamento efetivo, eles já o teriam feito há muito tempo", diz.

O especialista em legislação antidoping Serguêi Iliukov também prevê que a situação possa se desenvolver de maneira negativa para a Rússia.

"Acredito que a discussão terá continuidade e que haverá consequências,  e, claro, não excluo que as mais lamentáveis serão para a Rússia ", afirma.

Estopim

A agência passou a investigar o caso após o canal de TV alemão ARD exibir, em dezembro de 2014, um documentário sobre o sistema de doping no atletismo russo.

Ainda em janeiro de 2014, a agência antidoping russa já havia realizado um estudoque resultou na desqualificação de um grupo de atletas, entre eles, praticamente toda a equipe de marcha atlética.

No início de novembro, o senegalês Lamine Diack, presidente da Associação Internacional de Federações Atléticas (na sigla em inglês, IAAF) desde 1999, foi preso acusado de receber propina da Federação Russa de Atletismo para encobrir casos de doping envolvendo esportistas russos.

 

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