Lev Iáchin: o campeão modesto

Foi quando ele não desanimou e começou a jogar em um nível superior, recebendo não só o prêmio da  Bola de ouro, como também a “de chocolate”, que lhe entregaram confeiteiros franceses Foto: RIA Nóvosti

Foi quando ele não desanimou e começou a jogar em um nível superior, recebendo não só o prêmio da Bola de ouro, como também a “de chocolate”, que lhe entregaram confeiteiros franceses Foto: RIA Nóvosti

No final do século passado, a Fifa nomeou Lev Iashin como o melhor goleiro do século 20. De acordo com as associações de futebol e jornalísticas, ele entrou na equipe simbólica dos melhores jogadores do mundo junto com Pelé, Maradona, Beckenbauer, Bobby Charlton e Eusébio. Apesar dos títulos de campeão europeu, campeão olímpico e muitos outros, Iashin era uma pessoa muito simples, sem arrogância e presunção.

Lev Iáchin é único goleiro que recebeu a Bola de Ouro, o prêmio para o melhor jogador de futebol europeu. Foi em 1963, um ano depois da Copa do Mundo no Chile, onde, depois do jogo ruim da equipe da URSS, disseram que ele tinha sido o principal culpado da derrota.

Foi quando ele não desanimou e começou a jogar em um nível superior, recebendo não só o prêmio da  Bola de ouro, como também a “de chocolate”, que lhe entregaram confeiteiros franceses. Descobriu-se que a bola existe até hoje. Mesmo depois de 50 anos. Os netos de Iáchin só comeram a base da bola.

A viúva Valentina Iáchina contou a história durante a apresentação de um livro sobre o goleiro. Valentina, com mais de 80 anos, tem a voz clara e uma memória fenomenal, que guarda todos os episódios da vida e da carreira do “Aranha Negra”, como foi chamado Iashin fora da União Soviética pelos braços longos que alcançavam  todas as bolas, e a imutável camiseta preta de goleiro.

O livro foi lançado pela editora russa JZL, especializada em biografias e que publica a série “A Vida de Pessoas Notáveis”. A série foi fundada no final do século 19 e inclui biografias de pessoas que deixaram sua marca na história.

Monumentos no Rio e em Moscou  

A apresentação do livro sobre a biografia de Iashin coincidiu com a notícia de que, durante a Copa do Mundo, será instalado um monumento em homenagem ao “Aranha Negra” no Rio de Janeiro. Ele representará uma cópia exata do instalado em Moscou, perto do estádio Dínamo.

O estádio em Moscou está em reconstrução. Uma das tribunas da arena renovada terá o nome do grande goleiro, que jogou para o clube da capital ao longo de todos os anos de sua carreira: 1949-1971.

À frente do seu tempo

Durante a apresentação do livro, os jogadores atuais e antigos do Dínamo disseram que Iáchin estava à frente do seu tempo.

“Eu não me lembro de nenhum outro goleiro na história que pudesse tão bem compreender e analisar o jogo. Já no início do ataque do adversário, ele começava a dar ordens para os defensores, onde e como eles precisavam estar no campo”, lembra Vladímir Pilguj, que substituiu Iáchin no gol do Dínamo.

“Os fãs sempre o chamavam pelo nome, para eles era como um irmão ou amigo. Os fãs de futebol sempre lhe acompanharam até sua casa, o ajudavam a carregar uma grande bolsa esportiva.”

“Lev Iashin me ensinou que um grande homem deve ser nobre e bem-humorado”, confessou Alexei Smertin, ex-capitão da equipe nacional da Rússia, que agora é o conselheiro do presidente do clube de futebol Dínamo. Ele disse que quando era apenas menino, assistiu a um jogo do Dínamo, em 1989, em homenagem ao 60º aniversário de Iashin.

“Ele estava sentado na tribuna e dava autógrafos para todos que se aproximavam dele. Isso continuou durante duas partidas, mas ele não negou a nenhum de seus fãs.”

Hoje em dia, Iáchin é amado do mesmo jeito como há 50 anos. “Só Iashin, só Dínamo” é a frase principal da música dos fãs do Dínamo, que eles cantam no estádio, acreditando nos herdeiros de Iashin.

 

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