“Ao contrário da russa, linha americana baseia-se em princípios democráticos”

Efímova: "Coloquei uma touca nova e bati um novo recorde" Foto: wikipedia.org

Efímova: "Coloquei uma touca nova e bati um novo recorde" Foto: wikipedia.org

Vencedora de quatro medalhas no Mundial de Barcelona, nadadora russa Iúlia Efímova falou sobre a concorrência acirrada com as americanas, os princípios do seu treinador e os desacordos com a Federação Russa de Natação.

Em 2013, a seleção russa de natação teve a temporada mais bem-sucedida nos últimos 10 anos. O número total de prêmios no Mundial de Esportes Aquáticos de Barcelona, que inclui duas medalhas de ouro, é o melhor resultado da equipe russa após o sucesso no Mundial de Roma, em 1994, e desde a época do tetracampeão Aleksandr Popov.

A jovem Iúlia Efímova, 21 anos, foi um dos destaques da competição que chegou ao fim do último dia 4. Durante o evento, a jovem faturou quatro medalhas, sendo duas de ouro nas provas de 50 e 200 metros, uma de prata em 100 metros e outra de bronze no revezamento feminino.

Gazeta.ru: A participação em dois campeonatos seguidos, na Universíada de Kazan e depois no Mundial de Barcelona, exigiu muitos esforços? 

Iúlia Efímova: Não foi nada fácil, porque ambos os eventos foram muito longos. Repeti três vezes as provas de cada distância. Sem contar que o campeonato mundial começou uma semana após o término da Universíada.

G: Você disse em várias ocasiões que não queria participar das provas em Kazan com receio de prejudicar o seu desempenho no mundial, mas nada disso aconteceu. Isso quer dizer que a decisão de participar da Universíada foi a escolha certa?

IE: Agradeço muito ao meu treinador, David Salo, que otimizou os períodos de recuperação e treinamento após o término da Universíada, dedicando mais tempo ao descanso e recuperação. À medida que o mundial foi se aproximando, os treinos foram reforçados.

G: Você é a primeira nadadora russa da última década que conseguiu vários prêmios no mundial, porém, os Estados Unidos diversos atletas que ganham medalhas em todas as competições que participam. Como os esportistas russos podem atingir o mesmo desempenho?

IE: Por enquanto, não há como competir com os americanos. Muitos atletas da seleção russa treinam nos EUA devido às condições que o país oferece – ao contrário da Rússia, infelizmente.

G: Quais são as diferenças no treinamento dos americanos e dos russos?

IE: São duas escolas diferentes. Ao contrário da linha russa, que é autoritária, a americana baseia-se em princípios democráticos. Os treinadores russos punem os seus alunos pelo mau desempenho, enquanto os americanos valorizam e avaliam qualquer resultado. Nunca vi nenhum treinador americano gritando com seu aluno. Muito pelo contrário: em caso de derrota, eles oferecem apoio e motivação para que sejam obtidos resultados melhores.

G: [O treinador russo] David Salo também segue esses mesmos princípios?

IE: Exatamente. Ele não parava de repetir que eu era forte e capaz de conquistar qualquer resultado. “Assim que você tiver confiança em si mesma, você conseguirá tudo que quiser”, repetia ele. Acredito que foi exatamente isso que me ajudou a tornar a atleta que sou hoje.

G: A Federação Russa de Natação assinou um contrato com um novo patrocinador e fornecedor de equipamento esportivo, cujos maiôs não servem para você. Já encontraram uma solução para esse problema?

IE: A questão ainda não foi esclarecida, apesar de ser muito importante para mim, pois o novo maiô não me permitiria completar a prova de 200 metros. Os produtos desse fabricante simplesmente não me servem. Nos Estados Unidos, por exemplo, as roupas esportivas são feitas sob medida, o que não acontece na Rússia. No entanto, ontem me prometeram que vão cumprir as minhas exigências. Vamos ver.

G: Diante desses pontos negativos, você já teve vontade de trocar de seleção?

IE: Não, nunca pensei nisso, apesar de eu gostar de treinar em solo americano. Sou russa e não há nada que eu possa fazer ou mudar em relação a isso (sorri). Não me imagino no pódio ouvindo qualquer outro hino que não seja o russo.

G: Afinal, o que aconteceu com a sua famosa touca rosa? Onde ela foi parar?

IE: Não faço ideia. Após a prova corri para me preparar para a cerimônia de premiação, e alguém a pegou. No início fiquei chateada, mas depois me acalmei. O mais importante é que tenho outras para substituí-la. Coloquei uma touca nova e bati um novo recorde!

 

Publicado originalmente pela Gazeta.ru

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