Drones para uma nova visão de guerra

Cadete lança Orlan-10 em campo de treinamento na região de Moscou

Cadete lança Orlan-10 em campo de treinamento na região de Moscou

Ria Nôvosti/Evguêni Biatov
Campanha na Síria testa capacidade russa de prever incidentes e acertar alvos.

O complexo militar-industrial moderno da Rússia recorre à herança do período soviético em quase todas as esferas. Apenas uma área foi desenvolvida do zero desde então: nos anos de União Soviética, os projetos de veículos aéreos não tripulados (Vant, ou drones) só existiam na cabeça dos engenheiros. Hoje, eles são realidade.

A operação na Síria, por exemplo, está sendo marcada pelo mais amplo uso de veículos aéreos não tripulados por parte da Rússia. Eles são usados ativamente para fazer reconhecimento de terreno, monitoramento dos deslocamentos de grupos fundamentalistas e vigilância dos aviões da coalizão antiterrorista liderada pelos EUA.

Analistas israelenses relatam que, com a ajuda dos drones, a Rússia havia organizado todo um sistema de inteligência nos céus da Síria em meados do ano. O uso em larga escala de drones russos na Síria começou, porém, após o início oficial da operação, em 30 de setembro.

A determinação bem-sucedida do trajeto dos mísseis requer o registro claro do alvo por meio da câmera de acompanhamento ou do sistema de orientação a laser. Isso pode ser feito a partir da aeronave que transporta a ogiva, mas, nesse caso, a sua mobilidade fica severamente comprometida. Por isso, é preferível a utilização de drones.

Os vants modernos ajudam ainda a detectar locais subterrâneos fortificados, postos de tiro e campos minados. Máquinas especialmente projetadas fazem a varredura do espaço aéreo para evitar incidentes que envolvam pilotos russos e aviões da coalizão ocidental.

Aparelhos em uso

Existe pouca informação disponível que indique quais exatamente são os drones usados pela Rússia na Síria. Conhece-se, no entanto, a gama global de vants russos ao serviço do Exército nacional.

Para trabalhos de inteligência, o padrão é o Orlan-10, um pequeno aparelho de apenas 15 kg, mas uma vantagem importante: possui autonomia por quase 17 horas de voo. Pode ser lançado em condições sem infraestrutura especial, com a ajuda de uma catapulta móvel, e o pouso, por meio de paraquedas.

O drone de construção mais complexa do arsenal russo é o do projeto Dozor-600. Esta aeronave de tamanho reduzido e peso inferior a uma tonelada necessita de pista de pouso para levantar voo e aterrissar. A bordo do Dozor-600 pode ser colocado não só equipamentos de reconhecimento e radar, mas também sistemas de ataque.

Dozor-600 Vitaly Kuzmin/Wikipedia.orgDozor-600 é o drone de produção mais complexa da Rússia Foto: Vitáli Kuzmin/Wikipedia.org

O Exército dispõe também de drones de ataque pesados. Um deles, o Skat, consegue atingir velocidade de 800 km/h e subir a 12.000 metros de altitude. Além disso, tem autonomia para 4.000 km de voo e realiza ataques com mísseis e bombas que detectam automaticamente o alvo.

Já o Proriv, mais compacto, ultrapassa largamente o teto de voo do Skat, subindo até 20 km de altitude.

MOSCOW REGION, RUSSIA. AUGUST 24. MiG’s Skat (Skate) unmanned combat air vehicle (UCAV) at the 8th international aerospace show MAKS 2007 in the town of Zhukovsky near Moscow. Foto: Nikolai Novichkov/TASSModelo Skat, da MiG, em exibição no salão Maks 2007, nos arredores de Moscou Foto: Nikolai Novitchkov/Tass

Futuro da produção

Embora muitas fábricas de drones na Rússia tenham sido criadas do zero, é comum aproveitar a tecnologia já comprovada na construção de aviões militares. É justamente por isso que por trás dos drones modernos estão os gigantes MiG e Sukhôi. 

Atualmente, estão sendo desenvolvidas novas câmeras para drones que permitam reconhecer espectros invisíveis ao olho humano. Na cidade de Ribinsk, a nordeste de Moscou, foi criado um departamento de projetos especializado no desenvolvimento e fabricação desses veículos. Ali são criados não só as fuselagens e motores, mas toda a componente eletrônica, como computadores de bordo, sensores e câmeras.

Apesar do avanço no país, ainda há muito a ser feito. A experiência do uso de drones para fins militares pelo Exército dos EUA tem uma década e meia. Na Rússia, só depois do conflito armado na Ossétia do Sul, em 2008, é que começaram a pensar em um novo tipo de equipamento militar.

A meta agora é estabelecer projetos de drones pesados de ataque que no futuro poderão substituir aviões tripulados. Na agenda está também a ampla informatização das forças armadas, sem a qual os drones são pouco eficazes. 

Cadets of the Defence Ministry's State Center of Unmanned Aviation during preparations for the launch of the Orlan-10 unmanned aerial vehicle at a training field in the Moscow Region. Foto: Ria Novosti/Evgeny BiyatovCadetes do Ministério da Defesa preparam Orlan-10 antes do lançamento Foto:Ria vosti/Evguêni Biatov

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