O verdadeiro “Titan” de Volgogrado

Obuseiro Msta se prepara para exercício militar em Naro-Fominsk, nos arredores de Moscou

Obuseiro Msta se prepara para exercício militar em Naro-Fominsk, nos arredores de Moscou

Serguêi Piatakov/RIA Nôvosti
Terra dos mísseis Topol e Iskander ganhou fama com fábrica militar no Volga.

Stalingrado sempre foi considerada a cidade das armas. Hoje Volgogrado, mantém a tradição de ser um importante centro militar industrial. A história da região como centro militar industrial remonta ao início do século 20.

Na véspera da Primeira Guerra Mundial, a Rússia necessitava de novas armas para as tropas terrestres, e a indústria se desenvolveu rapidamente. O ritmo de produção não era, porém, suficiente para o país, que tinha um enorme Exército com mais de 1 milhão de soldados – capaz de aumentar o número de conscritos em 10 vezes em caso do conflito.

Pouco antes da declaração de guerra em 1914, o governo imperial decidiu construir em Tsarítsin, às margens do rio Volga, uma fábrica de munições que acabou fabricando todo um leque de novos armamentos, como locomotivas e trens blindados. Mas esse aparato só provou ser útil mesmo durante a Guerra Civil Russa, entre 1918 e 1921.

A cidade estava no epicentro das lutas, e lá era realizada a manutenção de armamentos e trens blindados. Na mesma época em que Tsarítsin foi renomeada Stalingrado, a fábrica de armamentos ganhou o nome de “Barrikadi” (Barricadas) e passou a modernizar a artilharia. Apesar dos vários prêmios, os dirigentes da empresa não escaparam da repressão estalinista.

Fênix da 2ª Guerra

Às vésperas da Grande Guerra Patriótica, como é conhecida a Segunda Guerra Mundial pelos russos, formou-se entre os quadros da “Barrikadi” um escritório responsável pelo desenvolvimento de armas de grande calibre, superiores a 200-300 milímetros.

Como o escritório não finalizou os trabalhos antes do início da guerra, das fábricas saíram apenas obuseiros de 76 mm e morteiros. Todo o corpo de engenheiros teve então de ser evacuado da cidade, e seus funcionários foram convocados a combater os alemães que se aproximavam da região. Menos da metade sobreviveu.

Com metade dos funcionários vivos, reestruturação de "Barrikadi" teve início em 1943 

A produção começou a ser restaurada sobre os escombros, no final de 1943. Um ano depois, as fábricas já eram capazes de produzir os canhões de 122 mm para os tanques pesados soviéticos.

Mísseis em massa

Nos primeiros anos do pós-guerra, Stalingrado continuou fabricando itens de artilharia, incluindo as modernas baterias de defesa costeira. Desenvolveu-se em paralelo a produção de artigos civis, como sondas de perfuração.

A fábrica começou em meados dos anos 1950 uma classe de produtos que iria definir seu novo perfil: a construção de mísseis. Foguetes guiados conseguiam voar mais longe do que os projéteis de artilharia, bem como carregar uma ogiva mais poderosa, até mesmo nuclear.

Lançador para complexo de mísseis Luna sobre tanque leve, em 1966

Diversos modelos de mísseis estratégicos, como os Luna, conhecidos por serem entregues à Cuba pela União Soviética em 1962, além dos Temp, Totchka e Oka, que não possuem análogos no mundo, foram fabricados em Stalingrado. Na década de 1980, também saíram dali os conhecidos mísseis balísticos intercontinentais Topol.

O “Barrikadi”, porém, não deixou de lado a produção de obuseiros: produziu nesse tempo os sistemas de artilharia autopropulsada Píon e Malka, e os obuseiros Msta. Com enorme potencial inventivo, parte do escritório tornou-se independente em 1990 e recebeu o nome de BP Titan. 

Pútin vistoria sistema Topol-M na região de Ivanovo, em 2006

A modernização dos sistemas Topol-M e a criação do novo complexo de mísseis táticos Iskander estão entre os destaques da empresa no final do século passado. Em 2014, ocorreu novamente a fusão das duas empresas sob a marca comum Titan, que hoje se dedica ao desenvolvimento do novo míssil balístico intercontinental, o Yars.

Iskander foi uma das principais inovações da fábrica na década de 1990 Foto: RIA Nôvosti

 

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